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Sexta-feira, 1º de setembro de 2000

Sem-cabo 2

Eduardo Ohata
     
Diego Medina


Há dois anos, escrevi que a evolução do sistema de TV a cabo faria com que o ‘‘garoto de ouro’’ Oscar de la Hoya fosse mantido fora de alcance como um metal precioso e tornaria o ‘‘príncipe’’ Naseem Hamed tão inacessível para o torcedor quanto um membro da família real.

Pois bem, estamos entrando no nono mês do ano e só cinco combates internacionais foram transmitidos pela TV aberta este ano. Na Globo, foram transmitidas apenas as três defesas de título de Popó, a estréia de Mike Tyson na Europa e o combate entre Oscar de la Hoya e Shane Mosley.

Também houve apresentações de Adilson Rodrigues, o Maguila, e do atual campeão brasileiro dos pesados, George Arias, no Programa do Ratinho, no SBT.

Fora isso, não há boxe na TV.

Até mesmo quem quiser acompanhar a segunda (ou terceira) linha do boxe internacional, dentro da série semanal Boxing Series, na ESPN International, é forçado a assinar uma TV a cabo.

Pior, quem quiser mesmo ter acesso ao filé mignon tem de desembolsar ainda mais dinheiro.

Neste ano, combates de Hamed (contra Augie Sanchez) e de De la Hoya (contra Derrell Coley), as duas últimas defesas de título do campeão dos pesados Lennox Lewis (contra Michael Grant e Frans Botha) e a última apresentação de Mike Tyson (contra Lou Savarese) só estiveram disponíveis àqueles dispostos a comprálas no pay-per-view, pagando cerca de R¹ 25 (via Directv ou Net).

E nem assim os melhores combates são exibidos. Aqui, ninguém teve acesso ao desafio entre o promissor Fernando Vargas e o perigoso Ike Quartey, a menos que tenha obtido um teipe com amigos fora do Brasil. As últimas defesas de cinturão de Roy Jones Jr., um dos melhores do mundo, tampouco foram exibidas.

O problema é que a estratégia de manter as principais estrelas do boxe longe da TV aberta pode apresentar ‘‘efeitos colaterais’’.

Primeiro, aliena os fãs do boxe, que ficam sem ter idéia da importância de um determinado evento quando é oferecido via pay-per-view, por não estar a par do ‘‘enredo’’ que levou àquela luta.

Nos EUA, ‘‘Sugar’’ Ray Leonard, ou, em menor escala, Hector ‘‘Macho’’ Camacho, só se tornaram estrelas do circuito fechado (o antecessor do pay-per-view) porque o público pôde antes ter acesso a seus combates (e dramas) por meio da TV aberta.

O outro problema é que a não-existência de boxe na TV aberta elimina uma das motivações para a molecada carente buscar uma academia. Se a garotada não vê boxe, como pode se interessar pela prática do esporte (muitos começaram desta maneira, assistindo a lutas pela TV)?

E é justamente o pessoal que dá a cara para bater em campeonatos amadores (e depois no profissionalismo) que não tem acesso à programação das TVs a cabo.

A TV aberta ganha mais importância nesse sentido quando lembramos que não há academias de boxe em cada esquina, como acontece com os campinhos de futebol e, em menor escala, com as quadras de basquete e de vôlei.

Nos EUA, as redes de TV aberta, como a ABC, voltam a investir em boxe. Tomara que o Brasil siga também essa tendência.


NOTAS

Brasil 1
Prossegue a procura por um adversário para Acelino Freitas, o Popó. Agora, os favoritos a enfrentá-lo são Germaine Fields, indicado pela rede de TV Showtime, que transmite a luta (quem quiser conferir a última apresentação de Fields pode obter ler mais na seção "Notícias da semana"), e Victoriano Sosa. Também estão na corrida, com menos chances, os argentinos Ariel Nistal e Jorge Barrios, o porto-riquenho Angel Vasquez, insatisfeito com o dinheiro oferecido, e o norte-americano Fred Neal, que tem problemas com o empresário.


Brasil 2
O peso-leve Edson do Nascimento, o Xuxa, volta aos ringues no dia 14, contra o argentino Carlos Alberto Coronel, em Guarujá (SP).



E-mail: eohata@folhasp.com.br


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