Diego
Medina
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Há dois anos, escrevi que a evolução do sistema de TV a cabo
faria com que o ‘‘garoto de ouro’’ Oscar de la Hoya fosse
mantido fora de alcance como um metal precioso e tornaria
o ‘‘príncipe’’ Naseem Hamed tão inacessível para o torcedor
quanto um membro da família real.
Pois bem, estamos entrando no nono mês do ano e só cinco combates
internacionais foram transmitidos pela TV aberta este ano.
Na Globo, foram transmitidas apenas as três defesas de título
de Popó, a estréia de Mike Tyson na Europa e o combate entre
Oscar de la Hoya e Shane Mosley.
Também houve apresentações de Adilson Rodrigues, o Maguila,
e do atual campeão brasileiro dos pesados, George Arias, no
Programa do Ratinho, no SBT.
Fora isso, não há boxe na TV.
Até mesmo quem quiser acompanhar a segunda (ou terceira) linha
do boxe internacional, dentro da série semanal Boxing Series,
na ESPN International, é forçado a assinar uma TV a cabo.
Pior, quem quiser mesmo ter acesso ao filé mignon tem de desembolsar
ainda mais dinheiro.
Neste ano, combates de Hamed (contra Augie Sanchez) e de De
la Hoya (contra Derrell Coley), as duas últimas defesas de
título do campeão dos pesados Lennox Lewis (contra Michael
Grant e Frans Botha) e a última apresentação de Mike Tyson
(contra Lou Savarese) só estiveram disponíveis àqueles dispostos
a comprálas no pay-per-view, pagando cerca de R¹ 25 (via Directv
ou Net).
E nem assim os melhores combates são exibidos. Aqui, ninguém
teve acesso ao desafio entre o promissor Fernando Vargas e
o perigoso Ike Quartey, a menos que tenha obtido um teipe
com amigos fora do Brasil. As últimas defesas de cinturão
de Roy Jones Jr., um dos melhores do mundo, tampouco foram
exibidas.
O problema é que a estratégia de manter as principais estrelas
do boxe longe da TV aberta pode apresentar ‘‘efeitos colaterais’’.
Primeiro, aliena os fãs do boxe, que ficam sem ter idéia da
importância de um determinado evento quando é oferecido via
pay-per-view, por não estar a par do ‘‘enredo’’ que levou
àquela luta.
Nos EUA, ‘‘Sugar’’ Ray Leonard, ou, em menor escala, Hector
‘‘Macho’’ Camacho, só se tornaram estrelas do circuito fechado
(o antecessor do pay-per-view) porque o público pôde antes
ter acesso a seus combates (e dramas) por meio da TV aberta.
O outro problema é que a não-existência de boxe na TV aberta
elimina uma das motivações para a molecada carente buscar
uma academia. Se a garotada não vê boxe, como pode se interessar
pela prática do esporte (muitos começaram desta maneira, assistindo
a lutas pela TV)?
E é justamente o pessoal que dá a cara para bater em campeonatos
amadores (e depois no profissionalismo) que não tem acesso
à programação das TVs a cabo.
A TV aberta ganha mais importância nesse sentido quando lembramos
que não há academias de boxe em cada esquina, como acontece
com os campinhos de futebol e, em menor escala, com as quadras
de basquete e de vôlei.
Nos EUA, as redes de TV aberta, como a ABC, voltam a investir
em boxe. Tomara que o Brasil siga também essa tendência.
NOTAS
Brasil 1
Prossegue a procura por um adversário para Acelino Freitas,
o Popó. Agora, os favoritos a enfrentá-lo são Germaine Fields,
indicado pela rede de TV Showtime, que transmite a luta (quem
quiser conferir a última apresentação de Fields pode obter
ler mais na seção "Notícias da semana"), e Victoriano
Sosa. Também estão na corrida, com menos chances, os argentinos
Ariel Nistal e Jorge Barrios, o porto-riquenho Angel Vasquez,
insatisfeito com o dinheiro oferecido, e o norte-americano
Fred Neal, que tem problemas com o empresário.
Brasil 2
O peso-leve Edson do Nascimento, o Xuxa, volta aos ringues
no dia 14, contra o argentino Carlos Alberto Coronel, em Guarujá
(SP).
E-mail: eohata@folhasp.com.br
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