As lutas disputadas até agora no torneio olímpico provam que
o modo como os combates são julgados atualmente não é, definitivamente,
o mais eficiente.
Quando o uso das famigeradas maquinhinas, o videogame de adultos,
foi adotado, a intenção provavelmente era a melhor.
Assim, devem ter raciocinado, o resultado das apresentações
não dependeria mais do julgamento subjetivo dos jurados, passando
a ser mais objetivo.
Mas não é isso o que ocorre. Como três, dos cinco jurados,
têm de apertar seu joysticks ao mesmo tempo quando um golpe
acerta um dos lutadores, os tais jurados têm de contar com
excelente reflexo, o que nem sempre é o caso.
Quem teve a oportunidade de varar a madrugada e acompanhar
o combate do meio-pesado Laudelino Barros, o Lino, sabe disso.
Não vou argumentar que o brasileiro foi ''garfado''.
O australiano, Daniel Green, mereceu vencer. Mas não por aquela
margem absurda (17 a 2), que forçou o árbitro a interromper
a luta. Foi irritante acompanhar o primeiro assalto e ver
diversos golpes claríssicos de Lino não serem computados.
Não é meu espírito patriota falando mais alto. Quem acompanha
minha coluna sabe que não assumo uma postura paternalista
com relação aos lutadores nacionais (ao contrário, às vezes
sou criticado por ser rigoroso).
Até quem não acompanha regularmente o boxe ficou indignado
com o julgamento, como meu colega de plantões olímpicos Ubirajara
Olivério, o Bira, que geralmente é uma pessoa muito calma.
Quando amigos fizeram piadas sobre o estado do boxe brasileiro,
ele disse, ''vocês estão me ofendendo. O cara (brasileiro)
não foi tão mal como os números apontavam. É isso aí, foi
um roubo!!!''
Só o julgamento, muitas vezes subjetivo, dos jurados provou
ser ter falhas no passado. Mas as maquininhas tampouco são
a resposta para um julgamento justo.
NOTAS
Popó 1
O brasileiro campeão dos superpena pela Organização Mundial
de Boxe voltou a admitir esta semana a possibilidade de abandonar
a categoria dos superpenas. Em teleconferência para a mídia
dos EUA, ele disse novamente ter problemas com o peso. ‘‘Se
houver um oponente atraente na divisão dos leves (categoria
imediatamente superior à dos superpenas), vou subir de peso.’’
O mexicano Ricardo Maldonado, agente internacional do baiano,
curiosamente apresentado como ‘‘empresário do brasileiro’’,
defendeu a hipótese de uma unificação com os outros campeões
dos superpenas.
Popó 2
A TV Globo transmite o combate amanhã (23 de setembro). Mas
qual será a audiência do combate, levando em conta que o público
já experimenta uma overdose esportiva durante os Jogos?
E-mail: eohata@folhasp.com.br
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