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Sexta-feira, 29 de setembro de 2000

Sem explicação

Eduardo Ohata
     


Não dá para engolir uma das principais desculpas adotadas por membros da seleção brasileira olímpica de boxe para explicar o fracasso em Sydney.

‘‘Os jurados roubaram, a diferença de pontos entre os brasileiros e os adversários não era tão grande. Tudo porque o Brasil não traz jurados aos Jogos Olímpicos’’, argumentou o técnico da seleção brasileira Ulisses Pereira.

Sim, é verdade que dezenas de pontos dos brasileiros deixaram de ser computados, por incompetência ou má fé dos jurados. Mas a verdade é que eles foram dominados pelos rivais, não foi só um pontinho que definiria os resultados de suas apresentações. Os próprios pugilistas admitiram isso em entrevistas. ‘‘Iria perder, mas queria terminar em pé’’, disse o meio-médio-ligeiro Kelson Carlos

Outro detalhe. Se quem levasse jurados à Olimpíada obtivesse realmente tanta vantagem, qual seria a explicação para os EUA terem conquistado apenas dois ouros (Oscar de la Hoya e David Reid) nos dois últimos Jogos? E por que então comenta-se até hoje que Roy Jones Jr., que é norte-americano, foi roubado em 92?

Ou seja, a ineficiência do sistema de contagem de pontos é real, mas não serve como justificativa. Principalmente quando se leva em conta que esta formação teve a melhor preparação para Olimpíada que uma seleção brasileira de boxe já contou, com patrocínio (de última hora, é verdade), inúmeros torneios internacionais e estágios no exterior?

Também não dá para levar a sério outra explicação, apresentada por um dos atletas: ‘‘não estava no meu dia’’. Aposto que, ao contrário dele, grandes pugilistas, como o porto-riquenho Félix Trinidad, também tiveram ‘‘dias maus’’, mas sempre encontraram um meio para seguir vencendo.

Pior, com uma preparação bem mais modesta e com igual número de atletas (seis), o time que competiu em Atlanta registrou resultados mais expressivos, cinco vitórias (três a mais do que a equipe que competiu em Sydney), sendo que Daniel Bispo esteve a uma vitória de um bronze.

Uma demonstração de maturidade da parte do time que competiu em Sydney seria não responsabilizar fatores externos por sua performance. É melhor atletas e treinadores mostrarem humildade, refletir e procurar respostas no interior do próprio grupo.

Para finalizar, uma resposta a um membro da Confederação Brasileira que argumentou que o boxe não fez um papel tão feio em Sydney, uma alusão ao fracasso dos favoritos brasileiros nos Jogos (futebol, vôlei de praia, tênis etc). Pois é, e perdeu uma chance de ouro de brilhar em uma Olimpíada sem grandes destaques nacionais.


NOTA

Estréia O filme Rocky Marciano, baseado na vida do legendário ex-campeão mundial dos pesos-pesados estréia amanhã (sábado, 30 de setembro), às 15h40, na programação do canal de filmes Telecine 1, da Net. O filme, produzido pela rede norte-americana de TV a cabo Showtime, provocou protestos da parte da família de Marciano.



E-mail: eohata@folhasp.com.br


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