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Sexta-feira, 26 de maio de 2000

Xuxa, o título
e a Forja

Eduardo Ohata
     
Diego Medina

Ao assinar novo contrato com Don King, na semana passada, o brasileiro Edson do Nascimento, o Xuxa, afirma ter finalmente acertado os ponteiros com o famigerado promotor de lutas para, no futuro, talvez até o fim deste ano, disputar o cinturão da Associação Mundial de Boxe.

Descobriu-se que o contrato anterior assinado com King teria sido falsificado pelo intermediário, o mexicano Ignacio ‘‘Nacho’’ Huizar, e Xuxa viajou para os EUA para acertar este novo acordo com o norte-americano King.

O contrato (a que esta coluna teve acesso) apresenta itens polêmicos. Um deles diz que caso o brasileiro conquiste o cinturão de uma das quatro principais entidades, o documento passa a cobrir o período no qual Xuxa mantiver o título e mais dois anos após sua perda (ou abandono).

Os direitos do lutador brasileiro também estão ‘‘garantidos’’. Caso torne-se campeão, o contrato especifica que sua bolsa não será menor do que US$ 50 mil. E a bolsa por suas próximas lutas não será menor do que US$ 5.000. Porém os valores máximos em momento algum são especificados.

O próprio Xuxa, décimo colocado no ranking da AMB e quinto da Organização Mundial de Boxe, admite que os números não são muito impressionantes.

‘‘Esses valores, assim como a negociação de direitos de TV para o Brasil e patrocínios, podem ser renegociados. Depende só de conversas entre King e meu empresário, Mauro Katzenelson. Não acho que King seja tão mau caráter’’, avalia, ignorando as dezenas de pugilistas que já tiveram problemas promocionais com King.

A estréia de Xuxa como contratado de King ocorreria na preliminar de uma defesa do porto-riquenho Félix Trinidad, em julho.

Mas Xuxa não está feliz.

‘‘Hoje tem muita gente cuidando em minha carreira: empresários, promotores, patrocinadores, gente das TVs. Às vezes penso que era mais feliz quando era amador, como quando fui vice na Forja de Campeões (torneio amador que revelou Eder Jofre e Adilson Rodrigues, o Maguila), em 1989.’’

Aliás, no outro extremo da indústria do boxe, estão justamente os rapazes que estrearam na edição deste ano da Forja, cuja final foi disputada na última terça.

Brigando em vez de usar a técnica, desferindo ‘‘mata cobras’’ (‘‘tapas de gato’’ sem técnica), com direito a golpes após o final dos assaltos, os garotos participam deste que é o torneio preferido por esta coluna, no qual pode-se sentir a vibração no ar (e ainda por cima com entrada franca).

Esses estreantes ainda não têm de se preocupar com as artimanhas de empresários, com as linha finas no final dos contratos ou com outros aspectos burocráticos, mas que devem ser cumpridos e tratados com cuidado.

A prioridade desses garotos, a maioria vindos da periferia, é ganhar o torneio e levar um troféu para casa e mostrar para a família. Como o mosca Leonel Neto, do Padote, que lutou com a mão direita fraturada e ainda assim faturou o título de sua categoria.

A ‘‘bolsa’’ desses bravos amadores? Eles têm direito a uma ajuda de custo de parcos R$ 20 por luta. Mas, como pode atestar Xuxa, esse pode ser o período mais satisfatório na vida de um pugilista.


NOTAS

Amador
Os vencedores da edição deste ano da Forja de Campeões: Josidécio Barbosa (mosca-ligeiro), Leonel Neto (mosca), John Amaral (galo), Sandro Vasconcelos (pena), Henrique Rocha (leve), Salomão Guimarães (meio-médio-ligeiro), Amilton Nascimento (meio-médio), Ismael Bueno Jr. (médio-ligeiro), Robson Santos (médio), Marcelo José (meio-pesado), Adalberto Silva (pesado) e Marcelo José Souza (superpesado). A academia campeã foi o Padote, do técnico Messias Gomes.

Profissional
Aurélio ‘‘Toyo’’ Perez, o pesado cubano radicado no Brasil, venceu Eduardo dos Santos por nocaute no segundo assalto, terça, no Rio. Recebido no Brasil como herói no início da década a carreira de Perez entrou em decadência após derrotas para Nicolai Kulpin e Pedro Franco.



E-mail: eohata@folhasp.com.br


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