Diego
Medina
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Ao assinar novo
contrato com Don King, na semana passada, o brasileiro Edson
do Nascimento, o Xuxa, afirma ter finalmente acertado os ponteiros
com o famigerado promotor de lutas para, no futuro, talvez
até o fim deste ano, disputar o cinturão da
Associação Mundial de Boxe.
Descobriu-se que o contrato anterior assinado com King teria
sido falsificado pelo intermediário, o mexicano Ignacio
Nacho Huizar, e Xuxa viajou para os
EUA para acertar este novo acordo com o norte-americano King.
O contrato (a que esta coluna teve acesso) apresenta itens
polêmicos. Um deles diz que caso o brasileiro conquiste
o cinturão de uma das quatro principais entidades,
o documento passa a cobrir o período no qual Xuxa mantiver
o título e mais dois anos após sua perda (ou
abandono).
Os direitos do lutador brasileiro também estão
garantidos. Caso torne-se campeão,
o contrato especifica que sua bolsa não será
menor do que US$ 50 mil. E a bolsa por suas próximas
lutas não será menor do que US$ 5.000. Porém
os valores máximos em momento algum são especificados.
O próprio Xuxa, décimo colocado no ranking da
AMB e quinto da Organização Mundial de Boxe,
admite que os números não são muito impressionantes.
Esses valores, assim como a negociação
de direitos de TV para o Brasil e patrocínios, podem
ser renegociados. Depende só de conversas entre King
e meu empresário, Mauro Katzenelson. Não acho
que King seja tão mau caráter, avalia,
ignorando as dezenas de pugilistas que já tiveram problemas
promocionais com King.
A estréia de Xuxa como contratado de King ocorreria
na preliminar de uma defesa do porto-riquenho Félix
Trinidad, em julho.
Mas Xuxa não está feliz.
Hoje tem muita gente cuidando em minha carreira:
empresários, promotores, patrocinadores, gente das
TVs. Às vezes penso que era mais feliz quando era amador,
como quando fui vice na Forja de Campeões (torneio
amador que revelou Eder Jofre e Adilson Rodrigues, o Maguila),
em 1989.
Aliás, no outro extremo da indústria do boxe,
estão justamente os rapazes que estrearam na edição
deste ano da Forja, cuja final foi disputada na última
terça.
Brigando em vez de usar a técnica, desferindo mata
cobras (tapas de gato
sem técnica), com direito a golpes após o final
dos assaltos, os garotos participam deste que é o torneio
preferido por esta coluna, no qual pode-se sentir a vibração
no ar (e ainda por cima com entrada franca).
Esses estreantes ainda não têm de se preocupar
com as artimanhas de empresários, com as linha finas
no final dos contratos ou com outros aspectos burocráticos,
mas que devem ser cumpridos e tratados com cuidado.
A prioridade desses garotos, a maioria vindos da periferia,
é ganhar o torneio e levar um troféu para casa
e mostrar para a família. Como o mosca Leonel Neto,
do Padote, que lutou com a mão direita fraturada e
ainda assim faturou o título de sua categoria.
A bolsa desses bravos amadores? Eles
têm direito a uma ajuda de custo de parcos R$ 20 por
luta. Mas, como pode atestar Xuxa, esse pode ser o período
mais satisfatório na vida de um pugilista.
NOTAS
Amador
Os vencedores da edição deste ano da Forja de Campeões: Josidécio
Barbosa (mosca-ligeiro), Leonel Neto (mosca), John Amaral
(galo), Sandro Vasconcelos (pena), Henrique Rocha (leve),
Salomão Guimarães (meio-médio-ligeiro), Amilton Nascimento
(meio-médio), Ismael Bueno Jr. (médio-ligeiro), Robson Santos
(médio), Marcelo José (meio-pesado), Adalberto Silva (pesado)
e Marcelo José Souza (superpesado). A academia campeã foi
o Padote, do técnico Messias Gomes.
Profissional
Aurélio ‘‘Toyo’’ Perez, o pesado cubano radicado no Brasil,
venceu Eduardo dos Santos por nocaute no segundo assalto,
terça, no Rio. Recebido no Brasil como herói no início da
década a carreira de Perez entrou em decadência após derrotas
para Nicolai Kulpin e Pedro Franco.
E-mail: eohata@folhasp.com.br
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