Em
vez de amistosos itinerantes e eleitoreiros, partidas duras nos
ginásios mais modernos do planeta. Em vez de adversárias tapa-buraco,
oponentes de alto nível técnico. Em vez de pagar para jogar, bons
salários em dólar. A experiência norte-americana prometia a Alessandra,
Janeth, Claudinha e Cíntia Tuiú mais recompensas do que a rotina
de treinos da seleção nacional que vai à Olimpíada.
Agora, com o fim da fase de classificação do campeonato da WNBA,
o saldo desse intercâmbio não parece tão positivo assim.
É que, cada uma de um jeito, as quatro tiveram a confiança testada
e a capacidade técnica questionada ao longo desses dois meses.
Alessandra, desmotivada e fora de forma, foi encostada pelo Indiana.
Jogou só 11 minutos, marcou apenas 3 pontos e precipitou sua volta
ao país.
Janeth teve tudo para deslanchar. Em troca de uma vaga no time
titular _e de oito minutos a mais em quadra_, a ala topou o desafio
do técnico Van Chancellor de atuar como armadora.
Mas a brasileira não mostrou cacoete para organizar jogadas. Registrou
mais "turnovers" (acima de 2 por partida) do que assistências
(1,8) neste ano.
Resignada, ela agora se limita a conduzir a bola até a quadra
adversária, passando a responsabilidade da criação para Cynthia
Cooper e Sheryl Swoopes.
Sem a fluidez das temporadas anteriores, o Houston sentiu o baque.
Tricampeão da WNBA, pela primeira vez não entrará nos playoffs
com a vantagem de decidir os mata-matas em seu ginásio.
Outra que conquistou a posição de titular na pré-temporada foi
Claudinha, no modesto Detroit.
O time, inesperadamente, embalou. Flutuou na zona de classificação
durante todo o campeonato. Mas perdeu fôlego nas últimas rodadas
e agora depende de um milagre para se classificar.
Com a pontaria em baixa (39% de precisão) e pouca produtividade
nos passes (1,9 assistência por jogo), a armadora foi eleita a
culpada e passou para a reserva.
O mesmo roteiro, digno de Cinderela, viveu o Orlando. A equipe
de Tuiú disparou na tabela tão logo começou a temporada, a sua
primeira na WNBA.
Uma das razões da boa largada era a ala-pivô brasileira, excelente
nos tocos (é a terceira mais eficiente da liga, com 2 por jogo).
Mas o relógio bateu meia-noite, e a fábula começou a derreter.
O Orlando perdeu sete das últimas oito partidas. Com atuações
apáticas e péssima performance nos rebotes (3,7 por partida),
Tuiú viu despencar em 50% seu tempo de jogo: de 27,8 para 13 minutos.
Para a sorte da Flórida, a vaga nos playoffs já estava assegurada.
A má fase do quarteto é tão clara que daqui a pouco vai ter gente
falando em complô para desestabilizar a seleção que estará em
Sydney, em boicote às estrangeiras e outros exageros do tipo.
O momento requer, sim, serenidade. Cabe às meninas cavarem a saída.
Claudinha e Alessandra vão ter de se virar no Brasil. Janeth e
Tuiú terão a oportunidade de fazê-lo ainda nos EUA, nesta semana,
com os playoffs.
Mas, depois de tanto chororô sem fundamento, o técnico Antonio
Carlos Barbosa agora tem motivos para ficar apreensivo.
NOTAS
Fora
1
A organização de Sydney incluiu Paula, longe das quadras há um
semestre, entre as estrelas do próximo torneio olímpico. "Sua
grandeza reside na habilidade de controlar o jogo sem obrigatoriamente
marcar pontos", anuncia o site oficial do evento (www.olympics.com).
Como sempre, a ex-armadora é comparada ao legendário Magic Johnson.
E, como sempre, é ofuscada por Hortência, citada como o "Michael
Jordan das mulheres".
Fora 2
Hortência deve fechar ainda nesta semana o acordo para que o time
do Paraná jogue o Estadual do Rio, pela Mangueira.
Fora 3
Geisa e Katia Denise foram as primeiras cortadas pelo técnico
Antonio Carlos Barbosa. Seis atletas disputam as três últimas
vagas na seleção que vai a Sydney. Cíntia, Zaine e Rosângela levam
vantagem sobre Micaela, Adrianinha e Lilian.
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