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era Michael Jordan desviou o olhar para o perímetro, para a acrobacia,
e confundiu as coisas. Mas, pouco a pouco, o basquete se recupera
da hipnose e volta a reverenciar a importância dos pivôs, os protagonistas
das principais revoluções do esporte.
George Mikan, o pioneiro dessa linhagem de gigantes, por exemplo,
dobrou as regras do jogo nos anos 50.
Contratado porque “era muito alto para a época e se parecia com
Super-Homem”, ele assombrou a ABA (primeiro nome da NBA) logo
nas primeiras partidas.
Na defesa, usava seus 2,10 m e 111 kg para bloquear arremessos
praticamente dentro da cesta.
No ataque, desmoralizava a regra dos três segundos no garrafão,
que obriga o atleta a se movimentar sob a cesta: para tocar o
aro, mesmo fora do garrafão, bastava a Mikan esticar o braço.
Os jogos perderam graça, e a liga resolveu interferir. Em 1948,
para acabar com a eterna frustração dos arremessadores, proibiu
a interferência do defensor quando a bola estivesse na descendente.
E, em 1951, para afastar fisicamente Mikan da cesta, redesenhou
a quadra e aumentou a largura do garrafão, de 1,82 m para 3,64
m (nascia a “zona morta”...).
A carreira de Bill Russell pode não ter tido repercussões tão
espetaculares como a de Mikan. Mas não é exagero afirmar que o
pivô, 11 títulos em 13 temporadas pelo Boston, foi o atleta mais
influente dos 53 anos da NBA.
Russell inventou nos anos 60 o “toco” (bloqueio de um arremesso
ainda na curva ascendente).
Até ele chegar, o jogo era vertical, corria na direção cesta-cesta.
Mas, para fugir da marcação agressiva do novato de 2,09 m e 101
kg, os times viram-se forçados a horizontalizar o esquema, desviando
a bola para as laterais da quadra. O saldo tático: trocava-se
a bandeja pelo tiro de longa distância.
Mais, até os 60, nem todo atleta saltava para arremessar (“jump
shot’’); a maioria o fazia com os pés plantados (“set shot’’).
Por sair de mais baixo, o “set shot’’ era fácil de ser bloqueado.
Russell causou sua extinção.
Como ele recuperava a bola (rebote, desarme, toco) facilidade,
o Boston podia acelerar a transição defesa-ataque, surpreendendo
rivais acostumados com um ritmo cadenciado. E assim foi inventado
o contra-ataque.
Outros pivôs inscreveram seus nomes nos anais do basquete.
É o caso de Kareem Abdul-Jabbar, 2,18 m e 121 kg, o maior cestinha
da história da NBA, com 38.387 pontos, que levou ao banimento
temporário das enterradas no circuito universitário, nos anos
60, e que criou um arremesso quase infalível, o “sky hook’’ (gancho),
na década seguinte.
É o caso de Wilt Chamberlain, 2,15 m e 125 kg, a maior máquina
de produzir pontos que já se viu, o único a conseguir atingir
três dígitos no placar (100, em 1963).
É o caso de Moses Malone, 2,09 m e 118 kg, que em 1976 tornou-se
o primeiro jogador a pular da escola para os profissionais sem
passar pela universidade.
É o caso de Hakeem Olajuwon, 2,13 m e 116 kg, que nos anos 90
levou a arte do drible às alturas.
E talvez seja o caso de Shaquille O’Neal, 2,16 kg e 143 kg, e
de Tim Duncan, 2,13 m e 115 kg, que, embora jovens para “fazer
história”, escoraram a campanha dos dois últimos campeões da NBA.
NOTAS
Escada
1
O diferencial da seleção brasileira que vai buscar o pódio em
Sydney não está na categoria de Janeth, mas na versatilidade do
seu quarteto de pivôs: Alessandra (1,98 m), Cíntia Tuiú (1,93
m), Marta (1,91 m) e Kelly (1,89 m).
Escada 2
Na WNBA, é uma pivô, Lisa Leslie (1,96 m), quem explica a ótima
campanha do Los Angeles, o primeiro classificado ao segundo “round”
dos playoffs e favorito, ao lado do Houston, ao título de 2000.
Escada 3
Os dois novatos convocados por Hélio Rubens para a Copa 500 Anos,
que começa hoje no Rio, são pivôs: Estevam (2,10 m) e Paulão (2,10
m).
Escada 4
A quarta edição do “Dream Team”, que os EUA vão enviar à Olimpíada,
tem só um pivô: Alonzo Mourning (2,08 m).
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18/07/2000
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04/07/2000
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