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PENSATA

Terça-Feira, 24 de outubro de 2000


Um degrau abaixo

Melchiades Filho
     

Diego Medina

Um a um, desabaram nos últimos meses todos os principais pivôs da Conferência Leste. E, por contusão, indisciplina ou velhice mesmo, a metade que pratica o basquete mais físico da NBA vai começar o campeonato 00/01, dentro de exata uma semana, sem nenhum gigante de renome.

Alonzo Mourning, do Miami, o terceiro melhor jogador da última temporada e um dos 12 olímpicos que levaram ouro em Sydney, foi a baixa mais inesperada.

Exames de rotina diagnosticaram uma grave deficiência renal, conhecida como glomerulose (os rins deixam de filtrar proteínas).
Pelo mesmo problema, o ala Sean Elliott, campeão em 99 pelo San Antonio, teve de se submeter a um transplante e se ausentar das quadras por nove meses.

Os médicos dizem que ainda há 50% de chances de Mourning escapar da cirurgia. Mas declararam nula a possibilidade de que participe da campanha 00/01, justamente aquela em que o time da Flórida mais apostava _o técnico Pat Riley contratara três titulares (Anthony Mason, Brian Grant e Eddie Jones) para escoltar o pivô.

O tutor e principal rival de Mourning na NBA também estará longe dos ginásios do Leste.

Farto de morrer na praia, o New York encerrou os 15 anos da era Patrick Ewing. Despachou o veterano para o Seattle, em negócio triangular que lhe deu em troca os serviços do ala Glen Rice.

O outro pivô famoso da conferência, Dikembe Mutombo, contraiu malária em suas férias na África e vai desfalcar o Atlanta pelo menos até dezembro.

(Para quem acredita em superstições, Mourning, Ewing e Mutombo cursaram a mesma universidade, a Georgetown.)

Jayson Williams e Rik Smits, que ao lado dos três citados acima representaram o Leste nos últimos All-Star Games, formalizaram sua aposentadoria neste ano.

O primeiro, depois de arrebentar o joelho e quebrar a perna, deixou o New Jersey na mão. E o segundo, poucas semanas após ajudar o Indiana a alcançar a final do campeonato, avisou que se cansou da dor nos pés e costas.

O balanço mostra que, dos 15 times do Leste, apenas um vai pisar as quadras a partir dos dia 31 com um pivô legítimo. No entanto, nem o Cleveland se entusiasma pelo lituano Zyldrunas Ilgauskas. O gigante até tem predicados. Mas parece feito de porcelana. Jogou apenas duas partidas nos últimos dois anos.

As demais equipes vão improvisar no miolo do garrafão.

O Miami deve sacrificar o recém-contratado Grant.
O Indiana também usará um ex-ala-pivô do Portland na função (Jermaine O’Neal).

O New York ainda tenta convencer o magriça Marcus Camby.

Milwaukee, Philadelphia, Charlotte, Toronto e Orlando, meus candidatos a fechar o octeto do Leste nos playoffs, resolveram radicalizar, com táticas que prescindem de âncora sob a tabela.

A aposta é interessante, e equipes como Orlando e Milwaukee têm munição para sobreviver. Mas a presença dos pivôs está na alma do basquete norte-americano. Que o diga o Boston, que há quatro anos abriu mão deles para jogar em velocidade. O time não voltou mais aos playoffs. Desolado, desde então experimentou sem sucesso 15 atletas na posição.

Jogadores de perímetro como Vince Carter e Grant Hill são maravilhosos. Mas não se engane. Junto com os centímetros, o Leste perdeu competitividade.


NOTAS

Torcida 1

Inconformados pelo recuo da TNT, leitores perguntam se a ESPN International também deixará de exibir a NBA. Não, a emissora só mexeu na grade. Os jogos perderam o confortável "slot" das sextas, antecipados em uma noite.

Torcida 2
Pioneira na transmissão da NBA no país, a Bandeirantes pulou fora de vez.

Torcida 3
A Directv renovou contrato com o NBA League Pass, o melhor amigo do basqueteiro insone. O pacote, que inclui quase 300 partidas ao vivo, custa R$ 49 para o assinante. Pechincha.

Torcida 4

O Ibope anuncia que medirá a audiência da TV paga. A Globo vira sócia da ESPN Brasil. Na mesma semana, dose dupla para se temer pelo futuro televisivo do basquete.



E-mail: melk@uol.com.br


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