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PENSATA

Terça-Feira, 31 de outubro de 2000


Os bons, cada vez melhores

Melchiades Filho
     

Diego Medina

Há dois anos, os times da NBA interromperam o campeonato com o intuito de obrigar os atletas a aceitar uma revisão do acordo coletivo de trabalho.

Depois de meses de hostilidades, conseguiram aprovar o maior achatamento salarial da história da liga norte-americana.

O vaivém de jogadores foi desestimulado. Para assinar um megacontrato, o craque teria de convencer sua própria equipe _e não mais esperar pelo leilão de ofertas envolvendo adversários.

Além de conter a explosão dos salários, a NBA imaginava que essa medida sossegaria o mercado. As estrelas do basquete, amestradas financeiramente, estabeleceriam vínculos duradouros com seus times/cidades. E, com isso, aumentariam as chances de um rodízio de campeões.

Bem, bastou um ano para o mercado encontrar maneiras de se libertar das amarras.

Alguns clubes, como o Minnesota (que foi flagrado e punido), recorreram a contratos de gaveta. Outros, como o Dallas (que fisgou Christian Laettner, ex-Detroit) e o Seattle (que seduziu Patrick Ewing, ex-New York), capricharam na reengenharia da folha de pagamentos.

Resultado: esta pré-temporada foi a mais movimentada de todos os tempos.

Quase um terço dos 450 atletas mudaram de ares nos últimos três meses, incluindo alguns superastros. E, incrível, as três franquias mais fortes ficaram ainda mais poderosas.

A direção do Los Angeles Lakers, atual campeão, mesmo sem dinheiro para manobrar, preencheu as duas lacunas do time.

Fechou com um bom reboteiro, o experiente Horace Grant (ex-Seattle) _pupilo do técnico angeleno, Phil Jackson, nos três primeiros títulos do Chicago Bulls. E descolou um dínamo ofensivo para enriquecer o banco de reservas, o inquieto Isaiah Rider (ex-Atlanta). Os dois encaixam-se com perfeição no esquema tático dos triângulos e devem aliviar a carga de trabalho das estrelas Shaquille O'Neal e Kobe Bryant.

O San Antonio Spurs, depois de um ano abatido por contusões, também está de volta à elite.

Conseguiu preservar seu maior craque, Tim Duncan, o jogador mais regular da liga, que renovou por três anos. E, por causa dele, pôde pechinchar a aquisição de Derek Anderson, a primeira grande arma ofensiva de perímetro do time em duas décadas.

E, por fim, há o Portland Trail Blazers. Seu dono, o zilionário do mundo da informática Paul Allen, perdeu a noção de limite.

O empresário comprometeu-se a pagar mais de US$ 40 milhões de impostos para viabilizar a contratação de Shawn Kemp, ex-Cleveland, e Dale Davis, ex-Indiana. São dois gigantes a mais _um espetacular no ataque, outro eficiente na defesa_, para a equipe usar contra Shaquille O'Neal.

Com a versatilidade de Scottie Pippen e Steve Smith e o amadurecimento de Rasheed Wallace e Bonzi Wells, o Portland forma um timaço.

Seria irônico que o título de 99/00 parasse nas mãos do melhor time que o dinheiro pode comprar. Mas não será uma surpresa. Anote.



Seattle, Phoenix, Utah, Sacramento e Dallas devem completar como coadjuvantes o pelotão da Conferência Oeste nos playoffs.


NOTAS

Torcida 1

A PSN programou a exibição de 25 partidas da NBA, a maioria nas noites de domingo (tchau, Juca...). Para cuidar dos comentários, contratou o ex-jogador Cadum. É uma boa aposta.

Torcida 2
Não se perca, os jogos na ESPN International serão nas terças e quintas-feiras.

Torcida 3
A NBA não jogou a toalha após a desistência da Bandeirantes. David Stern, o todo-poderoso dirigente da liga norte-americana, disse que há chance de fechar até dezembro com a TV aberta brasileira. Torcida 4 Devido a atrasos na matriz, a Directv brasileira não formatou o NBA League Pass. Por isso, seus atendentes não sabiam do pacote ao longo da semana passada, deixando na mão quem ligou interessado. O negócio deve ser normalizado em dez dias.



E-mail: melk@uol.com.br


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