PENSATA

Quinta-feira, 13 de abril de 2000
Bom começo

Carlos Sarli
     
Diego Medina
O melhor campeonato de que já participei! Ouvi essa declaração de alguns surfistas e pessoas envolvidas na etapa de abertura do Super Surf, o circuito brasileiro de surfe profissional.

A opinião me surpreendeu. Ela partiu tanto de competidores bem colocados quanto de desclassificados no início. De técnicos, agentes e patrocinadores de atletas.

O elogio diz respeito à organização da prova, já que, infelizmente, as ondas só estiveram boas, muito boas, nos dias que antecederam a competição.

Provavelmente isso também contribuiu para a vibe leve de todos. Na terça e quarta-feira, Maresias quebrou tubular para alegria dos profissionais que já treinavam por lá e também dos que tiveram a oportunidade de assistir ao show do surfe.

Infelizmente durante a prova as ondas não ajudaram, mas até isso os competidores trataram de minimizar, envolvidos que estavam, com a estrutura colocada à disposição. A começar pelo palanque, confortável, com um visual original produzido pelo cenógrafo Zeca Ratu, passando pela fartura e, principalmente, pelo respeito e atenção dedicado a eles, atletas.

Aquela sensação de que a estrela do espetáculo era o último a ser lembrado se dissipou. Tudo parecia conspirar a favor dos interesses dos atletas. E isso foi sendo preparado desde a elaboração do projeto.

O aumento da premiação, a isenção de taxa de inscrição, o cuidado com a imagem do atleta e seu uso na mídia são alguns indicadores dessa atenção. Para a primeira edição de um circuito com um novo critério de ranking, novos envolvidos na organização, transmissão televisiva e outras novidades sujeitas a falhas, foi um bom começo.

Na água, apesar de alguns nomes da nova geração terem alcançado bons resultados, entre os finalistas, apenas atletas que participam ou já participaram do WCT.

Mesmo com ondas pequenas as semifinais foram empolgantes, com os surfistas conseguindo realizar quatro, cinco manobras em cada onda. Fábio Gouveia levou a melhor sobre Joca Jr. e Peterson Rosa garantiu a vaga sobre Armando Daltro.

Na final, Rosa, com a prioridade, deixou passar a onda decisiva da bateria. Gouveia mesmo achando que a onda iria fechar, resolveu arriscar. E se deu bem. Somou 8,17 pontos e garantiu R$ 10 mil de prêmio e 1000 pontos no ranking.

Os finalistas e os outros atletas que disputam o WCT lamentaram as datas coincidentes com etapas do Mundial, quando terão que abrir mão da disputa no Brasil.

O feminino, pela primeira vez caminhando junto com o circuito masculino, terminou com a vitória de Andréa Lopes. No sábado, o Super Surf estréia na TV.

Nos sábados pós etapas irá enfocar a prova; nos outros, vai tentar levar o ambiente do surfe para a telinha. A lamentar, só o fato de que se tudo caminhar como todos esperam, o número de surfistas na água irá crescer demais nos próximos meses.