Publifolha
10/02/2009 - 14h36

Livro revela as origens do judaísmo; leia trecho

da Folha Online

Divulgação
Livro traz história, tradições e fundamentos das principais crenças
Livro traz história, tradições e os fundamentos das religiões

O judaísmo é a crença monoteísta mais antiga que existe. O início da religião se deu com o Êxodo, quando Moisés e os israelitas deixaram o Egito, onde eram escravos do faraó, e foram para o Monte Sinai.

Isto é o que explica o livro "Religiões", da Publifolha. O título traz informações sobre a origem, o desenvolvimento histórico, as pessoas santas, os textos, as datas religiosas e a relação das principais religiões com a sociedade atual.

Leia abaixo trecho do livro que explica as origens do judaísmo.

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JUDAÍSMO

Com cerca de 13 milhões de seguidores, o judaísmo é hoje a menor das religiões mundiais. Contudo, teve uma influência e uma distribuição geográfica inversamente proporcionais ao seu tamanho. Suas origens remontam à religião de Estado do antigo reino de Judá, que se extinguiu em 586 a.C..Os judeus sobreviventes enfrentaram o desafio de adaptar sua religião nacional a uma comunidade exilada dispersa entre o Egito e a Mesopotâmia. Seu sucesso é indicado pelo próprio desenvolvimento do judaísmo e pela profunda influência formativa dessa religião sobre duas outras grandes crenças, o cristianismo e o islamismo.

A Diáspora ("dispersão") ocorrida depois de 586 a.C. levou o judaísmo para quase todos os cantos do mundo, e a religião desenvolveu-se sob a influência das culturas que a abrigaram. A influência foi recíproca, porque os judeus atuaram como grandes transmissores de conhecimento. Por exemplo, a erudição árabe e da Grécia antiga que os judeus sefarditas levaram consigo quando foram expulsos da Espanha foi uma importante centelha para o Renascimento europeu.

Como religião, o judaísmo tem três elementos essenciais: Deus, a Torá e Israel. É considerada a crença monoteísta mais antiga, e seus adeptos acreditam num Deus universal e eterno, criador e soberano de tudo o que existe. Deus estabeleceu uma relação especial, ou aliança, com um povo, os judeus, ou Israel, e lhe deu a tarefa de ser uma "luz para as nações" (Isaías 49:6). No judaísmo não se imagina que todas as pessoas venham a se tornar judias, mas existe a esperança de que o mundo inteiro reconheça a soberania de um único Deus. Em troca do zelo divino por Israel os judeus têm o dever de seguir os ensinamentos de Deus, a Torá. Esse é o plano sobre o qual Deus e Israel se encontram. A Torá contém os mandamentos éticos e rituais (mitzvot) cuja observância leva a participar da santidade ética e moral de Deus.

A palavra "Israel" designa uma entidade política histórica, um povo, uma nação, um sistema de crença, um grupo social, uma cultura. Essa falta de uma definição única e clara é uma das razões pelas quais continua havendo tanto debate entre os judeus sobre a questão de quem é judeu. Embora a religião, com suas crenças, modo de vida e rituais, tenha servido de base para a identidade judaica, um papel importante também foi desempenhado por uma consciência histórica compartilhada e uma solidariedade étnica. Ao mostrar o caminho para o futuro que trará a redenção, o judaísmo dialoga permanentemente com sua história.

O passado lendário, registrado nos primeiros livros da Bíblia, forneceu um sentimento de identidade comum entre elementos tribais díspares. De acordo com o relato bíblico, Deus, que criou o céu e a terra, fez um acordo pessoal com Abraão, um nômade sem pátria vindo da Mesopotâmia. Em recompensa pela fé de Abraão, Deus lhe prometeu uma pátria em Canaã - a terra futura de Israel - e numerosa descendência. Abraão teve um neto, Jacó (a quem Deus renomeou como Israel), que com seus filhos e respectivas famílias foi para o Egito fugindo da fome. Eles serviram ao faraó, mas seus descendentes tornaram-se escravos até que Deus os libertou. Comandados por Moisés, os israelitas deixaram o Egito (fato conhecido como Êxodo) e foram para o monte Sinai, onde fizeram uma aliança eterna com Deus. Na tradição judaica foi esse o evento formativo da história dos judeus e o nascimento do monoteísmo. Mas os israelitas demonstraram falta de fé e foram condenados a vagar no deserto durante 40 anos antes de entrar na terra prometida de Canaã.

As pressões dos primitivos habitantes de Canaã e dos recém-chegados filisteus forçaram as 12 tribos de Israel a se unir, relutantes, em torno de uma monarquia. O primeiro rei, Saul, foi sucedido por Davi e Salomão; este inaugurou uma era de ouro que desde então se tornou o centro das aspirações judaicas. Devido a transgressões posteriores, Deus puniu os judeus com a perda de seu santuário nacional e de sua pátria. Contudo, eles mantêm a esperança de que o arrependimento sincero leve à restauração de sua relação com o divino.

Com muita freqüência a história dos judeus foi apresentada como uma litania de desastres. Desde o período helenístico (330-63 a.C.) a diferenciação dos judeus foi muitas vezes objeto de zombaria e incompreensão. Os governos muçulmanos perseguiram os judeus algumas vezes, mas a Europa cristã fez do antijudaísmo uma questão de política comum. Para uma crença ainda abalada pelos efeitos da perseguição nazista (1933-45), a focalização no sofrimento judeu é compreensível, mas constitui uma base precária para assentar uma identidade. Por essa razão, há entre os judeus uma tendência a acentuar os aspectos positivos da sua cultura. Tem-se dado mais atenção às grandes criações literárias: a Bíblia, o Talmude, poesia, filosofia, teologia e ética. Esse é um período de grande criatividade, em que muitos judeus que antes não eram praticantes estão redescobrindo a alegria de viver uma vida judaica.

Um fator importante na redescoberta de um "judaísmo positivo" foi a criação do Estado de Israel. Questões políticas e a preocupação de definir o judeu e o judaísmo são inegavelmente fontes de tensões entre Israel e as comunidades da Diáspora. Freqüentemente mais preocupado com questões existenciais, o judaísmo agora está suficientemente confiante para se voltar para temas internos de importância étnica e religiosa.

Religiões
Autor: Michael D. Coogan
Editora: Publifolha
Páginas: 288
Quanto: R$ 59,90
Onde comprar: nas principais livrarias, pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Publifolha

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