Publifolha
26/09/2008 - 23h26

PUBLIFOLHA: Geneticista propõe "desinvenção" do conceito de raça humana

da Folha Online

O Homo sapiens europaeus é branco, sério e forte. O Homo sapiens asiaticus é amarelo, melancólico e avaro. O Homo sapiens afer é negro, impassível e preguiçoso. E o Homo sapiens americanus é vermelho, mal-humorado e violento.

Divulgação
Livro explica como nasceu o conceito de raças e propõe sua "desinvenção"
Livro explica o conceito de "raças" e propõe a sua "desinvenção"

Essa caracterização da espécie humana, proposta em 1767 pelo naturalista sueco Carl Linnaeus (1707-78), marca a primeira divisão "científica" da humanidade em "raças". Somado a crenças ancestrais e estudos científicos posteriores, o trabalho de Linnaeus colaborou para a consolidação do conceito de que a humanidade se divide em "raças" e para a justificação de todos os subprodutos dessa lógica, como o racismo.

No livro "Humanidade Sem Raças?", terceiro volume da Série 21 da Publifolha, o doutor em genética humana Sérgio Pena trata da questão racial por meio de um recorte biológico e propõe a "desinvenção" do conceito de raças. Em formato de ensaio, o livro trata do tema de forma, ao mesmo tempo, sintética e atualizada.

"Tratar um indivíduo com base na cor da sua pele ou na sua aparência física é claramente errado, pois alicerça toda a relação em algo que é moralmente irrelevante com respeito ao caráter ou ações daquela pessoa", afirma o autor.

Pena mostra em "Humanidade Sem Raças?" como o conceito de divisão racial se infiltrou paulatinamente em nossa cultura e contribuiu para justificar a dominação de alguns grupos por outros, assim como a discriminação, a exploração e inúmeras atrocidades --que vão da escravização dos negros até o nazismo e o apartheid.

O autor se apóia nos mais recentes estudos da genética molecular --como o seqüenciamento do genoma humano-- para provar que os rótulos usados para distinguir "raças" não têm qualquer significado biológico. E propõe a definitiva "desinvenção" desse conceito.

"Podemos dizer que, se a cultura ocidental inventou o racismo e as raças, temos, agora, o dever de desinventá-las", afirma Sérgio Pena. "Devemos fazer todo esforço em prol de uma sociedade desracializada, que valorize e cultive a singularidade do indivíduo e na qual cada pessoa tenha a liberdade de assumir uma pluralidade de identidades. Este sonho está em sintonia com o fato demonstrado pela genética moderna: cada um de nós tem uma individualidade genômica absoluta, que interage com o ambiente para moldar sua exclusiva trajetória de vida".

O Autor

Sérgio Pena é professor titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia da UFMG e membro da Academia Brasileira de Ciências. A Série 21 da Publifolha é uma coleção de livros breves que comentam e explicam temas urgentes da atualidade de maneira atualizada e sintética. Além de "Humanidade Sem Raças?", outros volumes já lançados são "Terror Global" e "A Escalada da Carga Tributária".

*

"Humanidade Sem Raças?"
Autor: Sergio D. J. Pena
Editora: Publifolha
Páginas: 72
Quanto: R$ 12,90
Onde comprar: Nas principais livrarias, pelo telefone 0800-140090 ou no site da Publifolha.

[an error occurred while processing this directive] [an error occurred while processing this directive]