Reuters
20/02/2002 - 18h25

"A Última Tentação de Cristo" pode ser proibido 14 anos após estréia

da Reuters, em Santiago

Quatorze anos depois de ser lançado em meio a muita polêmica, "A Ûltima Tentação de Cristo", de Martin Scorsese, continua a provocar controvérsia no Chile, o país mais conservador da América Latina.

Advogados chilenos anunciaram na quarta-feira ter pedido à Corte Interamericana de Direitos Humanos que pressione o governo chileno a acelerar os esforços para revogar a proibição do filme no país.

A fita, na qual Jesus se casa com Maria Madalena numa cena de fantasia, é vista como ofensiva por cristãos, mas já deixou de ser alvo de atenção em muitos países.

No Chile, "A Ûltima Tentação" faz parte de uma disputa moral mais ampla entre a Igreja Católica conservadora e políticos mais liberais.

"O filme se transformou em símbolo da luta pela liberdade de expressão, especialmente a liberdade artística de criar e a liberdade dos cidadãos de terem acesso a todos os tipos de informação e criação artística", disse Alex Muñoz, um dos advogados.

Muñoz enviou documentos à Corte Interamericana, em Costa Rica, esta semana, pedindo que ela investigue a desobediência do Chile à sua decisão do ano passado, segundo a qual o governo chileno teria que revogar a proibição do filme decretada em 1997 pelo Supremo Tribunal.

A proibição ainda é um remanescente da censura ampla ao cinema imposta durante a ditadura do general Augusto Pinochet, entre 1973 e 1990.

A Igreja Católica combate planos do governo chileno de centro-esquerda para liberalizar o direito de família no Chile, única democracia ocidental, excetuando a minúscula Malta, onde o divórcio ainda é ilegal.
 

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