Reuters
13/03/2002 - 12h19

Estudos associam genes do cromossomo 22 à esquizofrenia

da Reuters, em Nova York

Dois novos estudos identificaram atividade genética que parece estar associada à esquizofrenia -um distúrbio cerebral grave que altera a percepção da realidade, as emoções e o processo de raciocínio de uma pessoa. Os sintomas da doença, que afeta cerca de 1% da população mundial, geralmente surgem no final da adolescência ou por volta dos 20 anos.

As duas pesquisas serão publicadas na edição de 19 de março da revista "Proceedings of the National Academy of Sciences".

No primeiro trabalho, a equipe de Maria Karayiorgou, da Universidade Rockefeller, em Nova York, detectou dois genes que parecem influenciar o surgimento do distúrbio. Esses genes foram localizados em uma região do cromossomo 22 que já havia sido associada à ocorrência de esquizofrenia.

Os cientistas analisaram amostras de DNA (o material genético) de mais de 200 portadores de esquizofrenia, dos pais dessas pessoas e de um grupo de homens e mulheres saudáveis. Entre os voluntários foram incluídos portadores de esquizofrenia infantil, forma rara da doença que surge por volta dos 13 anos de idade.

Os dois genes são o PRODH2, que codifica uma enzima cerebral comum, e o DGCR6, que está associado ao desenvolvimento do sistema nervoso. Determinadas variações no PRODH2 pareceram ser mais comuns nos pacientes com esquizofrenia que nas outras pessoas, embora os pesquisadores não tenham conseguido excluir a influência do DGCR6.

"As alterações nos genes estavam super-representadas nos portadores de esquizofrenia, em comparação com as pessoas saudáveis", afirmou Karayiorgou.

Espera-se que essas conclusões possam levar os fabricantes de medicamentos a desenvolver tratamentos mais eficientes, declarou a coordenadora do estudo.

"É preciso trabalhar mais até que tenhamos um perfil genético da variação que poderia contribuir para o surgimento da esquizofrenia em determinada pessoa", disse a especialista. Os pesquisadores deram prioridade ao cromossoma 22 porque considera-se que as pessoas com supressão ou danos nessa porção do DNA têm um risco 30 vezes maior de desenvolver a doença.

No segundo estudo, a equipe de Sabine Bahn, do Instituto Babraham, localizado em Cambridge (Reino Unido), também encontrou genes do cromossomo 22 que podem influenciar o aparecimento da esquizofrenia.

O grupo de Bahn analisou tecido cerebral de pacientes mortos que tinham esquizofrenia e comparou esse material com amostras semelhantes retiradas de pessoas saudáveis e de portadores de outras doenças psiquiátricas.

Nos doentes com esquizofrenia, a expressão dos genes que produzem a apolipoproteína L1, proteína codificada por genes da chamada família apo L, era três vezes maior. Esses genes têm uma função importante no transporte de colesterol no organismo. O colesterol é essencial para o cérebro adulto e também durante a fase inicial de desenvolvimento desse órgão.

As descobertas "deixaram-nos confiantes para sugerir que as anormalidades na expressão desses genes podem estar envolvidas na gênese da esquizofrenia", disseram os pesquisadores.
 

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