Reuters
15/03/2002 - 19h51

Meninas sauditas, sem véu, não são salvas e morrem em incêndio

da Reuters, em Riad (Arábia Saudita)

Quinze meninas morreram em um incêndio numa escola em Meca, na Arábia Saudita, porque a polícia religiosa do país as teria impedido de deixar o prédio em chamas.

Os policiais teriam alegado que elas não estavam vestidas de acordo com a lei islâmica e, portanto, não podiam sair à rua.

Outras 50 meninas ficaram feridas no incêndio enquanto mais de 700 de seus colegas foram salvos pelos bombeiros.

Os meios de comunicação e familiares das vítimas mostraram-se furiosos com a morte das garotas no incêndio que atingiu uma escola em Meca, cidade sagrada para o islamismo, na segunda-feira (11). A maior parte das meninas morreram pisoteadas quando tentavam fugir do local.

O jornal "Al Eqtisadiah" disse que os bombeiros se desentenderam com membros da polícia religiosa, também conhecidos como mutaween, depois de terem tentado manter as meninas dentro do prédio em chamas porque elas não usavam lenços na cabeça e nem os abayas (vestidos negros), obrigatórios para as mulheres do país.

O "Saudi Gazette", uma publicação em língua inglesa, disse em sua reportagem de capa hoje que, segundo testemunhas, membros da polícia, conhecida como Comissão para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício, impediram homens que tentavam ajudar as meninas e advertiram que seria um "pecado chegar perto delas".

Uma autoridade civil disse ao "Al Eqtisadiah" ter visto três membros da polícia religiosa "espancando as garotas para impedi-las de sair da escola porque não usavam os abayas".

O pai de uma das meninas mortas disse que os vigias da escola se recusaram até mesmo a abrir os portões a fim de deixar que as garotas saíssem, afirmou o "Saudi Gazette".

Os temidos mutaween patrulham as ruas do reinado conservador com bastões e zelam pelo cumprimento das regras de vestir, pela segregação sexual e pela realização das orações na hora certa. Os que desobedecem podem ser espancados e presos.
 

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