Reuters
14/03/2002 - 13h49

Autora de "Uma Mente Brilhante" rebate críticas a John Nash

da Reuters, em Nova York

A autora do livro "Uma Mente Brilhante", no qual foi baseado o filme homônimo, manifestou-se na quarta-feira contra o que qualificou como mentiras e distorções que se transformaram numa reprovável campanha pré-Oscar contra o gênio matemático John Nash.

Sylvia Nasar, a jornalista que escreveu a biografia de Nash e de sua luta contra a esquizofrenia, publicada em 1998 (lançada no Brasil pela editora Record), disse, em artigo do jornal "Los Angeles Times", que é hora de retificar as alegações de que Nash seria gay, adúltero, um mau pai e um anti-semita ferrenho.

Nasar se manifestou nesta fase frenética que antecede a cerimônia de entrega dos Oscar, em 24 de março, na qual o filme "Uma Mente Brilhante" e seu ator principal, Russell Crowe, são vistos como favoritos, apesar de uma crescente enxurrada de histórias negativas a respeito de Nash que vem saindo na mídia mundial e na imprensa especializada de Hollywood.

Desde que o trabalho do diretor Ron Howard começou a receber diversos prêmios, no final do ano passado, jornais e revistas têm publicado artigos em que é criticado por omitir ou passar por cima de aspectos desagradáveis da vida pessoal do gênio.

A autora recebeu um valor fixo pelos direitos de seu livro no cinema, de modo que não tem interesse financeiro nos lucros do filme, disse uma porta-voz da distribuidora Universal Studios.

As "revelações" mais recentes foram feitas duas semanas atrás, com a publicação de uma carta escrita pelo matemático laureado com o Nobel em 1967, em que ele ataca judeus.

A jornalista narrou em seu texto na quarta-feira que a carta em questão foi escrita oito anos depois que o matemático foi diagnosticado como sendo esquizofrênico paranóico, "quando ele não apenas se sentia ameaçado pelos judeus e o Estado de Israel, como também acreditava ser Jó, um escravo preso em grilhões, o imperador da Antártida e um messias".

Nasar rebateu críticas publicadas pelo jornal "The Times", de Londres, segundo as quais a decisão tomada por Nash e sua mulher, Alicia, de se casarem outra vez, em junho passado, teve "finalidade cínica, ligada à produção do filme". Ela disse que o matemático e sua mulher se divorciaram em 1963, mas que continuaram a viver juntos desde então, por 38 anos.

A jornalista passou dois anos e meio escrevendo a biografia e entrevistou centenas de pessoas que conhecem o matemático. O roteiro foi adaptado de seu livro por Akiva Goldsman.

"Nash não é gay", escreveu Nasar na quarta-feira. "Ele teve relacionamentos emocionais intensos com outros homens quando estava na casa dos 20 anos, mas ninguém com quem falei jamais disse, muito menos mostrou provas, de que ele tenha feito sexo com outro homem."

"Uma Mente Brilhante" foi indicado para oito Oscar, entre eles nas categorias prestigiosas de melhor filme, melhor ator e melhor diretor, e já recebeu diversos prêmios de outras organizações.

Crowe e Howard expressaram seu repúdio pelo que vêem como uma campanha negativa orquestrada contra o filme.

"Uma estratégia de ataque que procura minar a credibilidade de outro candidato é vergonhosa e trágica", disse o diretor a jornalistas, esta semana.

"É especialmente lamentável quando toma forma como um ataque contra uma pessoa. John Nash tem 72 anos de idade, ele está vivo, é um laureado com o Nobel e está fazendo grandes coisas", acrescentou.

 

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