Reuters
14/04/2002 - 10h26

Chávez reassume Presidência da Venezuela após fracasso de golpe

da Reuters, em Caracas

O líder populista Hugo Chávez reassumiu triunfante a Presidência da Venezuela hoje, com uma mensagem de paz e unidade, depois que o governo empossado após um golpe militar na sexta-feira ruiu frente a uma rebelião de tropas legalistas e protestos populares.

Milhares de seguidores do líder festejaram com gritos e apitos o insólito e rápido retorno do militar aposentado, em um feito inédito na história dos golpes de Estado da América Latina.

Reuters - 14.abr.2002
Hugo Chávez, presidente da Venezuela
Chávez foi deposto na madrugada de sexta-feira (12), logo depois que uma gigantesca marcha da oposição terminou com ao menos dez mortos e mais de cem feridos, na quinta-feira (11), no terceiro dia de uma greve convocada por sindicatos e apoiada por empresários.

Mas Chávez, que de maneira surpreendente chegou ao palácio presidencial de Miraflores na madrugada hoje a bordo de um helicóptero, afirmou que sabia que regressaria ao poder.

"Eu estava seguro, completamente seguro de que voltaríamos...mas jamais imaginei que voltaríamos tão rápido", disse em um conciliador discurso ao país.

O retorno do mandatário foi precedido por manifestações pedindo a sua volta, que em algumas horas conseguiram o decisivo apoio de setores da Força Armada Nacional (FAN), que tomaram o controle do palácio governamental, no centro de Caracas.

Pedro Carmona, 60, empresário que assumiu na sexta-feira a Presidência de um "governo de transição", renunciou na noite de ontem depois dos protestos pró-Chavez.

Em seguida, membros de seu governo deposto reuniram-se e juramentaram como presidente interino Diosdado Cabello, vice-presidente de Chávez, até que o presidente deposto retornasse ao poder.

"Assim como nenhuma retaliação, aqui não haverá nenhuma caça às bruxas. Não venho com ânimos revanchistas. Não, aqui não haverá perseguições", disse o ex-pára-quedista que chegou à Presidência ao ser eleito em 1999, anos depois de uma tentativa de golpe fracassada em 1992.

Promotores públicos entrevistavam Carmona e outros oficiais militares na base de Fuerte Tiuna, embora eles não estivessem formalmente detidos, disse o ministro da Defesa de Chávez, José Vicente Rangel.

Logo que chegou ao palácio, Chávez retomou seus longos discursos, falando ao país até pouco antes do amanhecer. Ele prometeu respeitar a lei acenando com uma pequena cópia da constituição do país e segurava um crucifixo, que levou consigo enquanto ficou preso.

Chávez afirmou que os comunicados emitidos por generais afirmando que ele havia renunciado e pedido para sair do país eram mentiras.

"Eles puseram um pedaço de papel na mesa dizendo ´Renuncie´, mas eu disse: "Sou um presidente que está sendo preso, mas não vou renunciar".

Casos de violência permaneciam sendo registrados em várias partes da capital venezuelana, onde milhares de pessoas saíram às ruas para pedir a volta do líder.

Em um dia de caos onde não estava claro quem governava o país, manifestantes pró-Chávez entraram em confronto com a polícia e invadiram estações de televisão críticas ao líder.

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