Reuters
31/05/2002 - 13h22

Nível elevado de desemprego aumenta taxa de mortalidade

da Reuters, em Nova York

Taxas mais elevadas de emprego estão associadas, em escala nacional, a índices mais baixos de mortalidade, anunciaram pesquisadores ontem.

A descoberta foi apresentada a membros do Parlamento europeu e a outras autoridades da Europa durante uma conferência realizada em Bruxelas, na Bélgica.

"O novo estudo mostrou que os aumentos na taxa de desemprego nos países da União Européia estão relacionados à deterioração da saúde, que é medida pelos elevados índices de mortalidade verificados nos dez ou 15 anos seguintes", afirmaram os autores da pesquisa.

A equipe, liderada por M. Harvey Brenner, da Universidade de Tecnologia de Berlim, constatou que, em 16 países ocidentais, índices mais altos de emprego estavam associados a taxas de mortalidade nacionais mais baixas. O contrário também se mostrou verdadeiro: níveis elevados de desemprego apareceram ligados a taxas de mortalidade mais elevadas.

Para descobrir a relação entre desemprego e mortalidade, Brenner e seus colaboradores usaram um modelo analítico para estudar os dois índices nos Estados Unidos e em países europeus desde a Segunda Guerra Mundial.

Todos os países ocidentais apresentaram uma conexão entre os níveis de emprego e a taxa de mortalidade. No entanto, essa ligação foi mais forte no Reino Unido, na Suécia, na Alemanha e na Finlândia. Os pesquisadores disseram que o vínculo mais fraco -embora ainda presente- ocorreu na Itália e na Dinamarca.

No trabalho, também se constatou existir correspondência entre os índices de mortalidade e o produto interno bruto (PIB) dos países, segundo os autores do trabalho. Os maiores PIBs foram associados a índices menores de mortalidade. A ligação entre mortalidade e PIB foi verificada em todos os países, exceto em Luxemburgo.

Esses resultados também se aplicam a áreas dentro das fronteiras nacionais. Os condados do Reino Unido e os Estados dos EUA apresentaram uma associação mais forte entre o nível de desemprego e taxas mais altas de mortalidade.

O tipo de emprego de uma pessoa representa a contribuição dela para a sociedade, e a perda do trabalho -que vem acompanhada da perda da auto-estima- pode produzir consequências biológicas, explicaram os autores da pesquisa. O desemprego pode, por exemplo, aumentar a suscetibilidade de uma pessoa à depressão, às doenças cardiovasculares e a outras causas de morte.

"É claro que a perda de posição econômica a longo prazo, que ocorre por meio da perda do emprego, representa uma fonte fundamental e multifatorial de dano social e biológico", afirmou a equipe.

Os pesquisadores verificaram, por exemplo, que a incidência de HIV e a de Aids aumentam com o desemprego. A redução dos empregos pode elevar a incidência da doença e da infecção pelo vírus ao alimentar a indústria comercial de sexo, indicam os cientistas. Por sua vez, o HIV e a Aids podem aumentar o desemprego ao forçar as pessoas infectadas a parar de trabalhar por causa da doença.

Os resultados do estudo serão usados para auxiliar a elaboração de políticas nacionais de inflação e de saúde.
 

FolhaShop

Digite produto
ou marca