Reuters
29/06/2002 - 16h45

Presença alemã no Brasil vai além de Bundchen e Kuerten

RAQUEL STENZEL
da Reuters

A influência alemã no Brasil vai muito além dos saques de Gustavo Kuerten nas quadras de saibro ou das medidas de Gisele Bundchen nas passarelas.

Os dois mais famosos representantes da colônia alemã, no momento, são por assim dizer apenas a ponta de um iceberg de uma convivência de mais de 170 anos entre as nações.

No total, o Brasil abriga cerca de cinco milhões de descendentes de alemães que têm presença em praticamente todos os ramos da cultura, do esporte, da economia e da sociedade brasileira.

Sobrenome alemão, no entanto, não é garantia de ``coração'' dividido no jogo de domingo, quando as duas seleções disputam uma partida histórica no primeiro campeonato mundial de futebol do século 21.

``Não tem nada a ver essa coisa de ser descendente de alemão, sou totalmente brasileiro'', disse Gustavo Kuerten, o Guga, tricampeão de Roland Garros, que confia no pentacampeonato da seleção brasileira.
Nos negócios
O futebol talvez seja uma das poucas áreas em que os alemães não conseguiram se sobressair na terra brasilis. A ascendência germânica, contudo, é forte no mundo dos negócios, onde empresas de capital alemão ou fundadas por imigrantes e seus descendentes fazem parte do dia-a-dia dos brasileiros.

Seja na marca da camiseta de malha Hering, no aço da siderúrgica Gerdau, no popular Fusca da Volkswagen ou na tecnologia aplicada à usina nuclear de Angra dos Reis, há sempre um ``alemão'' por perto.

A importância do mercado brasileiro para a Alemanha já foi tão grande, que o Brasil foi escolhido no início dos anos 1950 para receber a primeira fábrica da Volkswagen fora do território alemão. A montadora virou símbolo da industrialização brasileira e o Fusca, um ícone nacional nas décadas de 1960 e 1970.

De acordo com estimativas do Ministério das Relações Exteriores, são cerca de mil companhias alemãs instaladas no Brasil, empregando diretamente mais de 500 mil pessoas. São Paulo é tida como a maior cidade industrial alemã fora da Alemanha.

``A indústria alemã é responsável por 10% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial do país'', disse o conselheiro da embaixada da Alemanha em Brasília, Christoph Bundscherer.

Além da líder Volkswagen, as principais empresas alemãs instaladas no Brasil são Daimler-Chrysler, Siemens, Basf, Bosch e Bayer.

Ausência nas privatizações
A Alemanha deixou escapar na última década o segundo lugar no ranking dos maiores investidores no país por não ter participado ativamente do processo de privatização brasileiro.

A vice-colocação, atrás dos Estados Unidos, agora é ocupada pela Espanha, que foi agressiva na compra de empresas estatais de telecomunicações e de energia e de bancos estaduais.

De acordo com dados do Itamaraty, os investimentos diretos alemães no Brasil somam mais de US$ 12,5 bilhões. A Câmara de Comércio e Indústria Brasil e Alemanha, que tem por objetivo incrementar as relações entre os dois países, estima que os investimentos alemães somem US$ 18,7 bilhões.

``A Alemanha nunca deixou de investir no Brasil. A previsão é que nos próximos cinco anos sejam investidos mais 7,5 bilhões de dólares no país'', disse Rafael Haddad, assessor do Departamento Econômico da Câmara de Comércio.

Em 2001, o Brasil recebeu US$ 21 bilhões em investimentos diretos para participação do capital em empresas no Brasil e, desse total, a Alemanha contribuiu com US$ 1,047 bilhão.

No mesmo período, os Estados Unidos investiram US$ 4,5 bilhões e a Espanha, US$ 2,8 bilhões.

 

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