Itália afirma que devolverá obelisco de 2.000 anos para Etiópia
da Reuters, em RomaO governo italiano disse hoje que devolverá um antigo obelisco levado da Etiópia por tropas fascistas há quase 65 anos, encerrando um dos maiores problemas diplomáticos de Roma.
A coluna de granito, que acredita-se ter quase 2.000 anos, foi levado da cidade sagrada de Axum, no norte da Etiópia, quando o ditador italiano Benito Mussolini ordenou a invasão do país em 1937.
Apesar dos repetidos pedidos da Etiópia e de três acordos, o último deles em 1997, o obelisco de 24 metros permanecia em Roma.
Uma reunião ministerial decidiu hoje mandar o monumento de volta, apesar de não ter estabelecido uma data. "A decisão foi tomada e ele será devolvido, mas somente depois que o obelisco for restaurado", disse um porta-voz do gabinete do primeiro-ministro, Silvio Berlusconi.
Raios atingiram o monumento em maio, mandando pedaços do obelisco para o chão. "Não seria justo devolver o obelisco como está agora, em pedaços", disse um porta-voz do Ministério da Cultura.
O monumento fica em frente a um prédio originalmente projetado para abrigar o "Ministério da África italiana". O prédio, que agora abriga a unidade agrícola das Nações Unidas, fica em um dos cruzamentos mais movimentados de Roma.
A Embaixada etíope expressou alívio por saber que o obelisco finalmente voltará para casa. "Estamos esperando por um longo tempo, mas atingimos um ponto onde decidimos que não esperaríamos mais", disse o porta-voz da Embaixada, Eshetu Yisma.
"É um símbolo da nossa história, de um tempo glorioso, da civilização que tivemos. Ele reflete e expressa nossa religião."
O desacordo diplomático sobre o obelisco ficou tenso quando a Etiópia ameaçou cortar laços diplomáticos com a Itália se o assunto não fosse resolvido.
A Itália sempre dizia que queria salvar o obelisco de potenciais danos de uma viagem transcontinental, mas quando o raio danificou o monumento o argumento ruiu.
O primeiro-ministro da Etiópia, Meles Zenawi, fez um apelo apaixonado pela volta do obelisco durante uma cúpula sobre fome mundial em junho, realizada na capital italiana. O obelisco de Axum foi declarado patrimônio mundial pela ONU. A Etiópia pedira, no começo do ano, para as Nações Unidas garantirem a volta do obelisco.