Reuters
01/08/2002 - 21h08

Filme "Lúcia e o Sexo" combina sexo e psicologia

da Reuters, em Hollywood

"Lúcia e o Sexo", do diretor espanhol Julio Medem, estréia desta sexta-feira, é uma visão intensa e visualmente poderosa de problemas eternos, tais como a identidade e o poder que o corpo exerce sobre a mente.

O filme, tecnicamente muito bem realizado, combina a filosofia cinematográfica de Medem com o espírito comercial do melodrama.

Desde sua boa estréia com "Vacas", em 1992, Medem apenas chegou perto de seu potencial em momentos esparsos. "Lúcia...", com sua história complicada, simbolismo capenga e uma sensação de vazio no coração, não constitui exceção, onde o todo é menos do que a soma de suas partes.

Mas há tanta coisa acontecendo, tanto na tela quanto no texto, para garantir que a produção seja mais do que apenas um exercício de estilo. A combinação de sexo e psicologia pode acabar conquistando uma audiência acostumada a festivais e filmes mais "cabeça".

A garçonete Lúcia (Paz Vega, mais conhecida na Espanha por suas atuações em programas de TV) recebe um telefonema dizendo que seu ex-namorado, o escritor Lorenzo (Tristan Ulloa), morreu atropelado (na realidade, ele não morreu). Arrasada, Lúcia vai até a idílica ilha mediterrânea onde ele costumava se refugiar para escrever.

Um flashback mostra como eles se conheceram, seis anos antes, numa cena cômica em que Lúcia, apesar de não conhecer Lorenzo, diz ao rapaz que se apaixonou por ele através de seus livros.

Segue a primeira de várias cenas de sexo filmadas com bom gosto - apesar de uma cena de striptease de Lúcia para Lorenzo lembrar "9 1/2 Semanas de Amor", provavelmente mais do que o diretor pretendia.

Uma mudança na narrativa introduz Elena (Najwa Nimri), que está dando à luz uma menina que, como ficamos sabendo depois, é filha de Lorenzo. De volta ao presente, Lúcia conhece o mergulhador Carlos (Daniel Freire), que vive com Elena na casa de praia desta e, em pouco tempo, Lúcia e Elena se vêem frente a frente, sem saber que têm algo em comum em suas vidas: Lorenzo.

No passado novamente, Lorenzo não consegue escrever e seu amigo lhe diz que há material para um romance na história de sua irmã, Elena, que está criando sozinha a filha, Luna (Silvia Llanos).

Lorenzo desconfia que seja pai da menina, por isso a procura e a encontra com a babá, Belen (Elena Anaya), que trabalha para Elena. Lorenzo e Belen acabam na cama e, enquanto isso, Luna, que está no quarto ao lado, é atacada e morta pelo rottweiler de Belen.

Atormentado pela culpa e pelo horror, Lorenzo começa a mergulhar no desespero e tenta escapar dele escrevendo. Lúcia lê o que ele escreve e acha que é ficção.

Os truques narrativos se acumulam, e uma história contada de maneira mais direta teria deslocado a ênfase para onde ela deveria estar: nos sentimentos dos personagens, em lugar da trama confusa. Além disso, o espectador sempre tem consciência da mão condutora de Medem.

As atuações dos atores são muito boas. O título é apropriado (embora o conteúdo seja emocional demais para ser erótico) para um filme repleto de sexo, filmado numa ampla gama de iluminações e climas: terno, autodestrutivo, infeliz ou apaixonado.
 

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