Reuters
27/08/2002 - 16h24

Nápoles, terra da Camorra italiana, inaugura museu antimáfia

da Reuters, em Nápoles

Nápoles, a terra das famílias da máfia Camorra, vai inaugurar um museu anti-Máfia para chamar atenção à guerra movida pela Itália contra o crime organizado.

O museu vai exibir documentários sobre a Camorra (a máfia de Nápoles), arquivos da polícia, armas e objetos confiscados, tais como obras de arte, automóveis e jóias.

"Queremos transmitir a mensagem de que estamos derrotando a Máfia, mas também queremos garantir que nosso passado não será esquecido", disse à Reuters o diretor da província de Nápoles, Amato Lamberti, em entrevista telefônica.

Batizado de "Camorra Off", o museu fará parte de um centro maior de estudos jurídicos que o governo da província espera inaugurar até o final do ano.

O governo pensa em abrigar o centro no castelo Ottaviano, confiscado da maior família do crime organizado de Nápoles, que era dirigida por Raffaele Cutolo.

Cuttolo foi preso em 1979 e está cumprindo pena de cinco prisões perpétuas. Depois de sua prisão, sua irmã, Rosetta, assumiu os negócios da família e, até ela própria ser detida, no início dos anos 1990, manteve um exército de "soldados" no castelo, que tem 140 cômodos, para realizar os trabalhos da família.

A coleção permanente do museu vai incluir desde bazucas e metralhadoras até algumas dos 330 automóveis clássicos, esculturas e pinturas confiscados do antigo chefão da Camorra, Pasquale Galasso.

Lamberti disse que também gostaria de expor no museu uma das muitas lanchas azuis apreendidas pela polícia durante sua repressão ao contrabando de cigarros conduzido pela Camorra.

Mesmo antes de inaugurado o museu, as autoridades estão montando uma exposição viajante feita de arquivos e vídeos da polícia, para ensinar às crianças sobre o combate atual contra o crime organizado.

"Infelizmente, a Máfia ainda existe não apenas a Camorra, mas também a Cosa Nostra, na Sicília, e a 'Ndrangheta, na Calábria. Mesmo assim, queremos destacar nossa luta contra ela e ensinar as crianças a combatê-la também", disse Lamberti.

Num sinal de que as famílias mafiosas de Nápoles não estão perdendo força, apenas mudando de rosto, o último tiroteio a fazer manchetes na Itália, no início do ano, se deu entre um punhado de "chefonas" na casa dos 50 anos e de garotas adolescentes.

"Hoje, tomam parte as mulheres e até as filhas dos chefões", escreveu um colunista na época.

Nápoles não será a primeira cidade comandada pela Máfia a tentar combater essa influência criminosa com um museu. Dois anos atrás a cidade de Corleone, berço dos chefões da Cosa Nostra, fez o mesmo com um palácio de 400 anos de idade.

 

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