Reuters
13/09/2002 - 09h10

Conselho de Segurança da ONU discute resolução sobre Iraque

da Reuters, em Nova York

Um dia depois do discurso feito pelo presidente norte-americano, George W. Bush, à Assembléia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em que pediu apoio de todos os países contra o líder iraquiano Saddam Hussein, o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, se reúne hoje com representantes dos 15 países do Conselho de Segurança.

Mas diplomatas dizem que uma resolução com exigências ao Iraque só deve começar a ser redigida em uma semana, quando acabar a reunião da Assembléia Geral (da qual participam todos os 190 países).

Um ultimato da ONU pode levar o Iraque a aceitar a volta dos inspetores de armas que deixaram o país em 1998 e nunca mais puderam retornar. Mas não se sabe se isso evitaria um ataque norte-americano ou resultaria em apoio internacional ao confronto.

No seu discurso de ontem, Bush prometeu colaborar com o Conselho de Segurança, mas disse que "se o regime iraquiano nos desafiar de novo, o mundo deve agir deliberada e decididamente para chamar o Iraque a suas responsabilidades".

Com ou sem ajuda da ONU, o presidente da ONU não pareceu disposto a perdoar o regime que acusa de fabricar armas químicas, biológicas e nucleares. "As resoluções do Conselho de Segurança serão cumpridas, as demandas justas por paz e segurança serão alcançadas, ou a ação será inevitável e um regime que já perdeu sua legitimidade também perderá seu poder."

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, abriu também ontem a reunião da Assembléia Geral com um discurso contra a guerra, pedindo aos EUA que obedeçam às instituições multilaterais e ao Iraque que cumpra as resoluções sobre armas.

O embaixador iraquiano na ONU, Mohammed Aldouri, disse que o discurso de Bush foi "a mais longa série de invenções jamais dita pelo líder de uma nação".

Tanto Bush quanto o chanceler britânico, Jack Straw, falaram de "resoluções", no plural, o que indica que uma proposta feita pela França pode estar ganhando força: primeiro haveria um ultimato de três semanas para que o Iraque aceitasse a volta dos inspetores; se isso não acontecesse, uma segunda resolução seria aprovada autorizando o uso da força.

Straw comparou a situação atual às vésperas da Guerra do Golfo (1991), quando Saddam também recebeu um ultimato para retirar suas tropas do Kuait, país invadido cinco meses antes.

Uma resolução do Conselho de Segurança precisa ter o voto de 9 dos 15 membros e nenhum veto dos países que têm tal poder -os membros permanentes são Estados Unidos, Reino Unido, França, China e Rússia. Os outros dez membros, temporários, são Bulgária, Camarões, Colômbia, Guiné, Irlanda, Maurício, México, Noruega, Cingapura e Síria.

A Rússia, principal aliada do Iraque no Conselho de Segurança, até agora não deu sinais de que apoiaria o uso da força contra Bagdá. Em seu discurso de hoje à Assembléia Geral, o chanceler Igor Ivanov deve frisar a importância que atribui às decisões da ONU.

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