Mandela e De Klerk recebem homenagem por luta contra o apartheid
da Reuters, em Pretória (África do Sul)Os sul-africanos Nelson Mandela e F.W de Klerk, que já ganharam o Prêmio Nobel, receberam hoje a maior homenagem do país pelo trabalho que realizaram para acabar com o apartheid (regime de segregação racial na África do Sul) e consolidar a reconciliação na nova África do Sul.
Em cerimônia festiva rica em tradição africana, os ex-presidentes estavam entre os 28 "heróis e heroínas" que receberam os primeiros prêmios nacionais concedidos após o colapso do regime racista, em 1994.
Reuters - 18.jul.2001 |
Nelson Mandela e sua mulher, Graça Machel |
"É uma grande honra", disse Mandela, 84, após o evento realizado no complexo Union Buildings e transmitido ao vivo pela televisão.
"Será uma tremenda fonte de inspiração para muitas pessoas redobrarem seus esforços para servir em suas comunidades", disse Mandela, com a medalha de platina e ouro pendurada sobre uma camisa africana estampada.
De Klerk, o último presidente branco do país, que libertou Mandela em 1990 e começou a desmantelar o apartheid, disse que estava "orgulhoso do que conseguimos atingir na África do Sul".
Mandela e De Klerk, que tinham relações turbulentas no passado, saudaram-se antes da cerimônia, que teve dança Zulu, canto religioso e tambores africanos.
Durante a apresentação do trompetista Hugh Masakela, os 200 convidados dançaram e um radiante Mandela mostrou seus "passos Madiba", ao som da música "Bring Back Nelson Mandela" (Traga Nelson Mandela de volta).
Rompimento com o passado
Para tentar romper com seu passado de segregação racial, a África do Sul lançou em 1996 uma homenagem de honra anual para cidadãos do país e estrangeiros.
Mandela, que ficou preso durante 27 anos antes de liderar a vitória política do Congresso Nacional Africano em 1994, foi homenageado por sua "contribuição excepcional e inigualável" para a libertação, reconciliação e construção nacional.
Desde 1999, quando saiu da política, Mandela tornou-se promotor das campanhas contra a Aids na África do Sul, país mais afetado no mundo, e criticou as polêmicas políticas do presidente Thabo Mbeki para a doença.
De Klerk foi agraciado por ter estabelecido a "base para uma África do Sul não-sexista e não-racista".
Kaunda, vestido com um robe roxo e usando seu tradicional xale branco, está entre os três estrangeiros homenageados.
Foram concedidas homenagens póstumas ao ex-primeiro-ministro sueco Olof Palme, forte aliado do movimento antiapartheid, e para Mahatma Gandhi, que começou a vida política na África do Sul e depois liderou a independência indiana do Reino Unido.
"Nós recebemos a homenagem não somente pela família, mas também em nome de todas as pessoas na África do Sul e na Índia. Gandhi pertencia ao mundo", disse seu bisneto Satish Dhupelia.
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