Reuters
11/12/2002 - 21h04

Casarão histórico desaba em Ouro Preto (MG)

da Reuters, em Belo Horizonte

Um casarão histórico de Ouro Preto, cidade mineira tombada como patrimônio cultural da humanidade pela Unesco, desabou parcialmente na manhã de hoje, expondo mais uma vez a precariedade da conservação dos prédios da cidade.

O desabamento do casarão ocorreu dois meses depois de um acidente com um caminhão ter destruído um chafariz do século 18.

O patrimônio de Ouro Preto está ameaçado pela ocupação desordenada e pelo tráfego intenso de veículos nas ladeiras seculares, e a cidade, que foi a primeira brasileira a receber o título de patrimônio cultural da humanidade há 22 anos, corre o risco de perder o título e ser incluída na lista de sítios históricos em perigo pela comissão da Unesco que virá da França para uma inspeção.

A data da chegada da comissão, segundo informações da Unesco, órgão das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, ainda não está confirmada. A expectativa, no entanto, é de que os dois especialistas membros do Centro do Patrimônio Mundial de Paris, acompanhados de um consultor externo, ocorra até o início de 2003.

O desabamento no casarão histórico, que estava em obras de adaptação para ser transformado numa pousada, ocorreu no início da manhã desta quarta, por volta das 8h. O muro de contenção da obra desabou, derrubando a laje de sustentação do segundo e terceiro piso. Um pedreiro que trabalhava no local, Álrio Bernardo de Souza, 19, foi soterrado e morreu na hora. Outros dois operários também foram atingidos mas tiveram apenas ferimentos leves.

O trabalho de resgate do pedreiro soterrado e de remoção dos escombros foi dificultado pela forte chuva que caía sobre a cidade. A equipe do Corpo de Bombeiros não descartava o risco de novos desabamentos.

De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico (Iphan), a obra tinha autorização para ser realizada. Será preciso aguardar o laudo da perícia técnica, que apontará as causas, para saber se as normas do Iphan para a obra no casarão estavam sendo seguidas.

A discussão sobre o comprometimento do patrimônio histórico mundial de Ouro Preto ganhou mais destaque no início de outubro, quando um caminhão carregado de bebidas perdeu o freio e tombou numa descida, destruindo o chafariz da Matriz de Nossa Senhora do Pilar.

Autoridades municipais vêm sendo acusadas de descaso com a conservação do patrimônio da antiga Vila Rica, contribuindo para a descaracterização do acervo. Casarões já apresentam rachaduras e há casos de construções que estão cedendo, praticamente afundando por causa da trepidação nas ladeiras.

Depois do acidente com o caminhão, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, acatando recurso do Ministério Público Estadual, proibiu o tráfego de caminhões de carga e veículos pesados no centro histórico.

Segundo informações da prefeitura, a partir deste sábado, dia 14 de dezembro, a entrada de veículos pesados no centro histórico estará proibida. Nos fins de semana e feriados, todo o tráfego de veículos estará proibido no entorno da praça Tiradentes, onde está o principal acervo da cidade, o Museu da Inconfidência.

Por determinação da Justiça, estarão restritos também o uso de aparelhos sonoros em alto volume no centro histórico. Festas populares, como a do Carnaval, também foram apontadas por técnicos da Unesco como causa do comprometimento em casarões do período colonial.

 

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