Reuters
12/12/2002 - 18h14

"O Terno" ofusca o brilho e o talento de Jackie Chan

da Reuters

"O Terno de 2 Bilhões de Dólares", que estréia nos cinemas nesta sexta-feira, é vários tamanhos pequeno demais para o talento de Jackie Chan.

O superastro de Hong Kong é um verdadeiro arsenal ambulante de efeitos especiais humanos, mas neste filme seu tipo singular de ação é associado a efeitos especiais digitais.

Em seguida, essa má idéia é agravada pela direção frouxa do diretor Kevin Donovan, uma trama praticamente incompreensível e a participação nada satisfatória de Jennifer Love Hewitt.

Pela primeira vez na gloriosa carreira de Chan, os créditos ligados aos efeitos especiais superam em número os das façanhas e coreografias de luta que sempre foram o núcleo pulsante dos filmes do ator.

Em última análise, essa história de um chofer que vira espião com a ajuda de um terno dotado de engenhocas tecnológicas vai servir de aviso a outros astros asiáticos seduzidos por Hollywood: seus talentos não necessariamente se casam bem com os recursos financeiros da capital do cinema americano.

Jackie Chan é um motorista simpático, Jimmy Tang, que, no começo da história, está tentando seduzir uma atendente de galeria de arte com seu charme, mas acaba envolvido numa briga de rua.

Ele é contratado para trabalhar como chofer para Clark Devlin (Jason Isaacs), o espião mais famoso da CSA, que tomou o lugar da CIA.

Devlin se afeiçoa a Jimmy e lhe diz que há apenas uma regra que ele deve obedecer: nunca pôr a mão em seu terno.

Enquanto isso, o magnata malévolo Diedrich Banning (Richard Coster), com a ajuda do cientista Dr. Simms (Peter Stormare), criou uma bactéria que mata pela desidratação imediata.

A bactéria vai ajudar Banning a dominar o mercado mundial de água engarrafa, que já virou artigo de luxo mais caro do que petróleo.

Quando os capangas de Banning quase matam Devlin e Jimmy na limusine, Jimmy interpreta as palavras desesperadas de Devlin após a explosão como carta branca para vestir seu terno.

Segue uma sequência espantosa em que Chan é virado e torcido para todos os lados pelo terno, que é capaz de fazer tudo, desde dançar mambo até montar uma arma da era espacial.

Mas a cena também traz à tona o problema mais chato do filme: não fica claro quais façanhas são feitas pelo ator em carne e osso e quais são efeitos especiais acrescentados depois.

Como a carreira toda de Jackie Chan se baseia em seu compromisso de fazer ele próprio tudo o que aparece em seus filmes, seus fãs ficam se perguntando se ele estará envelhecendo.

Seja como for, o espectador tem de esperar 40 minutos até ver Jackie Chan na primeira luta de fato, ao lado de Jennifer Love Hewitt no papel da espiã Del Blaine, contratada por Devlin antes do acidente.

Em lugar de deixar a história mais interessante, Hewitt adota a postura de uma megera chatíssima e que não pára de reclamar com o motorista. Felizmente Jackie Chan mantém a compostura e o bom humor até o fim.
 

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