Reuters
10/01/2003 - 17h34

Cuba admite consumo interno de drogas e promete combatê-lo

da Reuters, em Havana

As autoridades cubanas reconheceram com preocupação um aumento do consumo de drogas na ilha e se comprometeram a usar todos os meios para atacar esse "vício capitalista" tão perigoso "como o próprio imperialismo" dos Estados Unidos.

Um editorial publicado pela mídia estatal afirmou que existe em Cuba atualmente "um incipiente mercado de venda e consumo de drogas, que pode aumentar, se não for combatido, à medida que o país se abre cada vez mais para o comércio, o turismo e as relações econômicas com o exterior".

Por sua estratégica situação geográfica no Caribe, na rota que une a Colômbia aos Estados Unidos, as numerosas restingas do norte de Cuba têm sido tradicionalmente usadas para carregar nas lanchas rápidas destinadas à Florida os fardos de droga lançados de pequenos aviões.

No entanto, ultimamente uma parte desses carregamentos de maconha e de cocaína está ficando na ilha para consumo interno, tanto de estrangeiros como de cubanos.

Em uma mensagem que parecia destinada a tranquilizar a população, as autoridades afirmaram que não medirão esforços para combater o tráfico.

Cerca de 26% da droga que chega aos Estados Unidos procedente da América Latina passa pelo Caribe, principalmente pela Jamaica e pelo Haiti. De janeiro a outubro de 2002, foram apreendidas em Cuba 4,5 toneladas de drogas, e 252 estrangeiros foram detidos portando drogas nos últimos oito anos. Segundo o editorial, 146 deles ainda estão presos na ilha.

Nos últimos meses o governo também fechou casas noturnas suspeitas de serem locais de consumo de drogas. A colaboração nesse campo com os EUA é escassa, devido à hostilidade política que envolve os dois governos, que não mantêm relações diplomáticas há 40 anos.

Por isso, apesar de Havana ter demonstrado interesse em firmar um acordo com os Estados Unidos de luta contra o narcotráfico, recusado pelo governo de George W. Bush, a cooperação acontece, mas apenas caso por caso.

Antes da revolução castrista de 1959, Havana era conhecida por sua vida noturna, na qual os grandes chefes da Máfia de Nova York controlavam o jogo nos cassinos, a prostituição e o tráfico de drogas. Mas, com a chegada de Fidel Castro ao poder, isso acabou.

Depois do colapso da União Soviética, há uma década, Cuba se viu obrigada a abrir as portas ao turismo e ao comércio internacionais para arrecadar dólares, abertura que, segundo as autoridades, tem trazido problemas como a prostituição e o consumo de drogas.

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