Reuters
27/06/2001 - 15h54

Buzzcocks celebra punk-pop com shows no Brasil e na Argentina

da Reuters

Há 25 anos, o Buzzcocks surgia em Manchester para ser um dos precursores do punk-pop inspirado em Velvet Undergound e The Stooges. E nesta quarta-feira, Pete Shelley (vocal e guitarra), Steve Diggle (guitarra), Tony Barber (baixo) e Phil Barker (bateria) iniciam uma turnê pela América do Sul, para comemorar também o 25 aniversário do movimento punk.

"Não gosto muito de definir o punk, mas acho que ser punk é ser apaixonado por música, fazer o que se tem vontade, defender o seu ponto de vista e acreditar em si mesmo", disse Pete Shelley.

"Muita coisa mudou no punk rock, mas posso dizer que o que não mudou foi a filosofia do 'faça você mesmo", disse Shelley, que ao lado de ícones como Johnny Rotten, dos Sex Pistols, e Joe Strummer, do Clash, disseminou o punk como a manifestação jovem mais importante do final dos anos 70 e início da década de 80.

O Buzzcocks conquistou reconhecimento logo no início da carreira, abrindo shows para os Sex Pistols. Mas depois de seis anos, um EP ("Spiral Scratch"), três discos ("Another Music in a Different Kitchen"; "Love Bites"; "A Different Kind of Tension") e uma coletânea ("Singles Go Steady"), o Buzzcocks terminou, em 1981.

"Tivemos problemas com a gravadora (a EMI), mas também problemas de relacionamento que nos levaram a acabar com a banda", afirmou Shelley.

Até então, já tinham feito parte do Buzzcocks o vocalista, guitarrista e co-fundador do grupo Howard Devoto, o baixista Garth Smith, o baterista John Maher e o também baixista Steve Garvey.

E os tais "problemas" representaram rusgas e mágoas que perduram até hoje. Garth Smith nunca mais voltou a falar com ninguém da banda.

Segundo Shelley, o "abuso de álcool" provocou uma briga no grupo que culminou na saída de Garth Smith, em 1977.

"Tentamos entrar em contato com Garth, mas só achamos o sobrinho dele na Internet. Gostaríamos que ele gravasse um álbum conosco, mas ele nunca retornou as nossas ligações", disse Shelley.

Em 1989, depois que rumores começaram a surgir na Inglaterra de que o Buzzcocks tinha feito as pazes, a banda começou a embarcar em turnês e os álbuns "Live at the Roxy Club - April'77" e "Operators Manual" foram lançados em 1991.

Pelo menos a amizade entre Shelley e Howard Devoto foi restabelecida. Depois de anos sem se falar, os dois resolveram gravar um disco juntos.

"Tem sido ótimo estar com Howard. Sabe, às vezes a gente esquece como é trabalhar com uma pessoa e essa experiência tem sido muito boa", disse Shelley, que afirmou estar ouvindo até Radiohead e Limp Bizkit ultimamente.

"O disco (com 14 faixas e sem previsão de lançamento) terá muitos elementos instrumentais. Xs vez soa como eu e o Howard juntos e às vezes simplesmente não tem nada a ver com a gente. Existe um choque de identidade, mas acho que isso no final é bom", afirmou o músico, que é bissexual assumido e afirma nunca ter sofrido preconceito da comunidade punk.

O Buzzcocks vem ao Brasil para quatro shows (27/06, Londrina; 28/06, Curitiba; 30/06, Rio de Janeiro e 01/07, São Paulo), além de uma apresentação em Buenos Aires (29/06).

A formação que volta ao país -o grupo tocou no Brasil em 1995- é a que mais durou na história do Buzzcocks e Shelley garante o relacionamento na banda não poderia ser mais positivo. E, apesar do aniversário do punk, o Buzzcocks não trouxe nenhuma surpresa para os brasileiros.

"Queremos tocar o máximo de músicas possível, até as pessoas não aguentarem mais", disse Pete Shelley. "Não temos ainda nenhuma música nova e portanto faremos uma compilação de toda a nossa carreira", afirmou ele, acrescentando que o Buzzcocks deverá entrar em estúdio para gravar um novo disco ainda neste ano.
 

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