Reuters
10/04/2003 - 13h45

Espetáculo "Zastrozzi'' marca estréia de Selton Mello na direção

da Reuters, no Rio

Entre fanáticos religiosos, um homem tem pesadelos com uma batalha entre o bem e o mal. E esse homem está longe de ser o mocinho da história. Ele é Zastrozzi, o personagem que dá título à peça que estréia nesta sexta-feira no Teatro Glória, no Rio de Janeiro, e tem Selton Mello como seu protagonista, diretor e produtor.

Escrito em 1970 pelo canadense George Walker, autor inédito no Brasil, o texto quase foi encenado pelo próprio Selton há dez anos. Esse projeto, como disse o ator, estava "entalado" na garganta e voltou a fazer parte dos seus planos depois que o amigo Angelo Paes Leme conheceu a história no ano passado e o incentivou a retomá-lo.

Assim, o duelo entre o bem e o mal se dará entre Selton/Zastrozzi, o mais terrível de todos os vilões e Ângelo/Verezzi, um artista sonhador implacavelmente perseguido pelo inimigo e que quer se vingar do assassinato de sua mãe.

"O que gosto nessa peça é seu texto diferente, com humor peculiar, que fala de vingança, misticismo e crimes em série. É um humor corrosivo que coloca as pessoas para pensar", afirmou Selton.

Em cena também estão Natália Lage (a mocinha), Michel Bercovitch (braço direito de Zastrozzi), Álvaro Diniz (pupilo de Verezzi) e Gisele Câmara (cuja sensualidade é usada por Zastrozzi para atrair seus inimigos).

Desafio como diretor

Antes de desistir de montar a peça anos atrás, Selton havia ensaiado o texto durante três meses junto com Daniel Herz. E como nunca se esquecera completamente do projeto, achou que tinha intimidade o suficiente para arriscar a direção do espetáculo desta vez. Mesmo assim, chamou Daniel (que concorre ao prêmio Shell deste ano pela direção de "As Artimanhas de Scapino") para dividir esse trabalho com ele.

"Quando estou em cena, Daniel me dirige. Estou achando essa experiência interessante", contou o ator.

Os dois conceberam um espetáculo atemporal para uma história que, originalmente, se passava em 1890. Segundo Selton, o texto se prestava tanto a colocar em cena um capa/espada convencional quanto lutas com sabres de luz, à la Guerra Nas Estrelas.

"A peça é bem doida, mas nós optamos pelo caminho mais simples. Tem uma estranheza no figurino, uma trilha sonora moderna e um discurso nem tanto assim", disse ele.

No papel de produtor, Selton não é estreante. Há três anos ele realizou e atuou em "O Zelador". Para ele, essa faceta do trabalho é sinônimo de prazer, porque lhe permite trabalhar com quem bem entende.

"Posso me cercar de pessoas em quem confio e tudo fica com a minha cara. A responsabilidade é maior, mas é o que me atrai na produção", contou o astro, que fez questão de baratear ao máximo o preço do ingresso.

Ele conseguiu fixar a entrada em R$ 15, o que considerou "quase um preço popular em comparação com os preços de teatro que estão por aí". Assim, Selton acredita que conseguirá atrair o público que eventualmente foge dos espetáculos por causa do alto custo dos ingressos.

"Zastrozzi" ficará em cartaz no Rio por dois meses e depois seguirá para São Paulo para temporadas em junho e julho.

Mas Selton continuará "no ar" durante praticamente todo o ano. Na TV, ele faz parte do elenco fixo da nova temporada da série "Os Normais", exibida pela Rede Globo e na qual interpreta o músico Bernardo.

No cinema, poderá ser visto em "Lisbela e o Prisioneiro", de Guel Arraes, "Nina", de Heitor D'Ávila, e "Aurélio Schwarzenega", de Carlos Reinchenbach.
 

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