Reuters
26/07/2001 - 18h59

"Carrie, a Estranha", primeiro romance de Stephen King, volta às livrarias

da Reuters, em São Paulo

Stephen King dispensa apresentações. Assim como "Carrie, a Estranha" (ed. Objetiva, 162 págs.), seu primeiro romance. A história da reprimida adolescente que provoca uma carnificina no baile da escola foi plagiada inúmeras vezes desde que virou livro. Pouca gente sabe, no entanto, o que essa obra significou para o autor.

"Carrie, a Estranha" foi o primeiro livro de King publicado. Na época, o escritor era um professor de inglês de 26 anos que fazia das tripas coração para conseguir que o salário durasse até o fim do mês.

Além das aulas, ele trabalhava como frentista num posto de gasolina e numa lavanderia industrial. Com o dinheiro de três empregos, pagava o aluguel de um trâiler, onde morava com sua mulher, Tabitha, e dois filhos pequenos. O pouco que sobrava gastava em bebidas e no jogo.

Nas raras horas vagas, King escrevia. E muito. "Voltava exausto da escola para casa e, acocorado no espaço reservado à caldeira de calefação, com a Olivetti portátil apoiada numa escrivaninha de criança, tinha que me equilibrar sobre os joelhos enquanto tentava produzir uma prosa brilhante", relembrou o autor a uma revista norte-americana.

Nessa época de vacas magras foram criadas algumas ótimas histórias, como "Jerusalem's Lot", sobre uma cidade invadida por vampiros, e "Carrie, a Estranha".

Embora escrevesse como um obcecado, os originais dos livros jaziam no fundo de gavetas. Desde que se formara, o escritor não conseguira publicar um único romance. Num dia especialmente difícil, King jogou os originais de "Carrie" no lixo, de onde foram resgatados pela sua mulher, que conseguiu convencê-lo a tentar mais uma vez.

Poucas semanas depois, King resolveu encaminhá-los para uma pequena editora. O livro foi aceito.

Publicado em 1973, "Carrie, a Estranha" esgotou os 5.000 exemplares da sua primeira edição em poucos meses. Embora ainda não pudesse ser considerado um best-seller - coisa que só aconteceria depois que o livro fosse adaptado para o cinema por Brian De Palma -, rendeu ao autor um adiantamento de US$ 200 mil dólares para escrever seu segundo romance, "O Iluminado".

Apesar de alguns defeitos graves, como personagens superficiais e um texto tosco, "Carrie, a Estranha" já traz alguns toques da genialidade de King, presentes em clássicos do terror, como "A Coisa" e "A Hora da Zona Morta".

Uma delas é a cena em que a adolescente sofre uma última humilhação ao ser banhada em sangue de porco em frente aos colegas da escola. Outra é a morte da mãe dominadora de Carrie, pregada na parede com utensílios de cozinha.
 

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