Reuters
06/08/2001 - 17h27

Ex-prisioneiros ucranianos dos nazistas recebem indenização

da Reuters, em Kiev

Catorze ucranianos se tornaram hoje os primeiros entre seus compatriotas a receberem compensações por terem sido escravizados ou presos pelo regime nazista.

Em uma cerimônia em Kiev, funcionários alemães de um fundo criado para compensar sobreviventes do nazismo entregaram os cheques e ramalhetes de flores aos velhos ucranianos.

"Não sinto nenhuma alegria especial, mas é bom receber isso", disse Leonid Kolchynsky, de 82 anos, que esteve no campo de concentração de Buchenwald, nos arredores de Weimar. "Mas tudo isso é temporário. Precisamos de dinheiro para muitas coisas e ele irá embora num instante", afirmou.

O Parlamento alemão autorizou em maio os pagamentos a mais de um milhão de sobreviventes do nazismo, a maioria deles da Europa Oriental, que não receberam os benefícios dos programas anteriores porque ainda estavam isolados pelos regimes comunistas.

Kolchynsky e outros que estiveram presos em campos de concentração vão receber 15 mil marcos (US$ 6.756) cada, enquanto aqueles que foram obrigados a trabalhos forçados nas fábricas, sob condições desumanas, vão ganhar 6 mil marcos cada.

Muitos idosos ucranianos, incluindo veteranos de guerra, vivem em pobreza extrema, com pensões de US$ 15 mensais.

Michael Jansen, do fundo de compensação alemão, disse reconhecer que nada pode ser feito para recompensar os anos perdidos pelos escravos. "Nós reconhecemos a responsabilidade política e moral que carregamos pelo grande mal causado em nome dos alemães", afirmou.

O fundo de compensação tem 10 bilhões de marcos, metade vinda dos cofres do governo, e a outra metade de empresas alemãs. Elas criaram o fundo há alguns anos, quando se viram ameaçadas por ações judiciais nos Estados Unidos.

Disputada palmo a palmo por alemães e soviéticos, a Ucrânia foi duramente atingida pela Segunda Guerra Mundial, que matou 6 milhões de pessoas no país.

Cerca de 570 mil ucranianos devem receber a indenização, mas até agora a seção ucraniana do fundo só recebeu o suficiente para pagar 10 mil pessoas.

Anastásia Bohdanova, sobrevivente de Auschwitz, ainda traz o seu número de prisioneira tatuado em negro em seu antebraço: 63681. "Eu tinha 17 anos quando me levaram para lá", afirmou, depois de receber seu cheque. "O principal trabalho que nos obrigavam a fazer era cavar lagos, para os peixes, segundo eles."
 

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