Reuters
15/08/2001 - 16h10

Bluesman Robert Johnson ganha terceiro túmulo nos EUA

da Reuters, em Greenwood

O bluesman pioneiro do delta do Mississippi Robert Johnson - que, segundo reza a lenda, "fez um trato com o demônio para poder tocar violão como ninguém" - vai ganhar um novo lugar para ser lembrado.

Johnson, que morreu em 1938 e já tem dois locais identificados como seu túmulo, está prestes a ter um terceiro, desta vez no lugar onde os especialistas acham mais provável que ele realmente tenha sido enterrado.

Um historiador que pensa assim é Steve Cheseborough, bluesman e autor do livro guia "Blues Traveling: The Holy Sites of the Delta Blues". Quem compartilha opiniões é Gayle Dean Wardlow, colecionadora de discos e autora de "Chasin' That Devil Music".

Claude Johson, recentemente declarado pelos tribunais o herdeiro legítimo do bluesman, vai juntar-se a Wardlow nesta quinta-feira para inaugurar a nova lápide na igreja batista Little Zion, exatamente 63 anos depois que Robert Johnson morreu, com apenas 27 anos, cercado de polêmica e mistério.

Situado em Greenwood, a 170 quilômetros ao sul de Memphis (EUA), o novo local é visto como lugar real do túmulo de Johnson há pelo menos dez anos, já que era esse o cemitério usado pelo fazendeiro em cujas terras o músico morreu.

Mas o local recebeu o selo de aprovação final este ano, com a descoberta de Rosie Eskridge, 86, moradora de Greenwood, cujo marido, Tom, escavou a cova em 1938.

Ela contou a Wardlow que estava presente no dia em que o corpo do bluesman, na época pouco conhecido, foi trazido de caminhão de uma fazenda vizinha num caixão fornecido pelo condado de Leflore. "A mãe de Johnson não estava presente. Um diácono da igreja disse algumas palavras sobre o féretro".

Segundo Wardlow, "havia outra mulher presente, filha de um meeiro em cuja choça Johnson morreu e com a qual ele provavelmente tinha uma relação amorosa".

O túmulo não recebeu inscrição, e o enterro foi condizente com a obscuridade da vida de Johnson, em constante movimento, imbuída da mitologia do blues. Quando ele morreu, o promotor artístico John Hammond estava à sua procura, pronto para levá-lo a Nova York para apresentar-se no Carnegie Hall, o que provavelmente o teria feito famoso.

Em lugar disso, a fama só chegou muito após sua morte. Em 1961, o primeiro álbum de Johnson suscitou uma onda de interesse que levou os Rolling Stones e outras bandas de rock a fazer covers de suas canções. Uma foto de seu álbum apareceu na capa de "Bringing It All Back Home", de Bob Dylan (1965).

Em 1981, o livro de Robert Palmer "Deep Blues" atribui a Johnson a criação de alguns dos acordes mais originais do blues. Além disso, narrou a história de que Johnson teria vendido a alma ao demônio para tornar-se um astro do violão e que teria morrido envenenado por um rival ciumento, num bar em Greenwood.
 

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