Kofi Annan chega à Africa do Sul para cúpula contra racismo
da Reuters, em Durban (África do Sul)O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, chegou hoje à África do Sul para presidir a Conferência Mundial sobre Racismo, enfrentando a ameaça de um boicote norte-americano caso Israel seja apontado como um Estado "racista".
Annan abre oficialmente a conferência na sexta-feira (31). Os Estados Unidos ainda não decidiram se vão mandar uma delegação à cidade sul-africana.
O Departamento de Estado dos EUA anunciou na segunda-feira que o secretário Colin Powell não irá à reunião por causa da linguagem ofensiva usada contra seu aliado Israel em alguns textos, acrescentando que os norte-americanos podem nem mesmo enviar representantes.
Washington teme que os países árabes usem a reunião para tentar definir o sionismo como uma forma de racismo.
Em uma reunião não-governamental com 7.000 delegados, foi apresentada uma proposta de resolução que pede à ONU que reconheça Israel como um país "discriminatório" e dê apoio à resistência palestina contra a ocupação. O documento também pede que Israel pague indenizações aos palestinos.
"Espero que os EUA participem e se sentem com outros governos para levar o processo adiante", afirmou Annan ontem durante uma visita à Áustria. "Nenhum país está imune ao racismo e à xenofobia. Espero que todos os governo participem no grau mais alto possível."
Os norte-americanos também não estão dispostos a aceitar textos que reivindiquem indenizações aos negros pela escravidão. O líder negro Jesse Jackson disse que levará uma delegação extra-oficial dos EUA à África do Sul.
O jornal sul-africano "Business Day" disse que a ausência de uma delegação forte dos Estados Unidos será "uma oportunidade perdida" para que a África do Sul exponha problemas do Terceiro Mundo. "Reparações (pela escravidão) são uma necessidade moral e econômica, e o caminho para ela é dar ao mundo em desenvolvimento uma posição melhor na economia mundial", afirmou o editorial do jornal.
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