Reuters
01/10/2001 - 16h47

Droga pode limitar danos no fígado causados pela hepatite C

da Reuters, em Boston

Pesquisadores divulgaram hoje que eles podem ter encontrado uma maneira de prevenir o dano causado ao fígado em quase todos os casos de hepatite C, durante os estágios iniciais da infecção.

O estudo, que pode afetar milhares de pessoas infectadas com o vírus, vai ser publicado na edição de novembro do Jornal de Medicina da Nova Inglaterra. Mas os editores divulgaram a descoberta seis semanas antes por causa das implicações clínicas.

Um time liderado por Elmar Jaeckel, da Universidade de Medicina de Hannover, Alemanha, preveniram o desenvolvimento da hepatite C crônica em 44 voluntários. Eles permaneceram sob tratamento intensivo enquanto sofriam de hepatite C aguda, uma versão mais suave da doença.

Em todos os casos, exceto um, injeções diárias da proteína interferon reduziram a quantidade do vírus da hepatite no sangue a níveis impossíveis de serem detectados.

"Achamos que o tratamento da hepatite C aguda com o interferon alfa-3b sozinho preveniu o desenvolvimento de infecções crônicas em quase todos os pacientes", contaram os pesquisadores. Segundo eles, qualquer pessoa com a doença deveria receber a droga.

O co-autor do estudo, Michael Manns, contou que as descobertas deveriam encorajar médicos a ficarem mais vigilantes sobre a identificação de casos de hepatite aguda, já que é sabido que o tratamento no estágio inicial pode prevenir seu desenvolvimento.

Acredita-se que quase 4 milhões de pessoas nos Estados Unidos e 170 milhões em todo o mundo estão infectados com o vírus da hepatite C. A infecção é a causa principal de males no fígado nos EUA e, uma vez que causa o colapso do órgao, a principal causa de transplantes de fígado.

A hepatite C geralmente é transmitida por agulhas compartilhadas ou a prática de sexo sem camisinha; em poucos casos, por transfusões de sangue contaminadas. Os bancos de sangue estão agora realizando testes à procura do vírus.

Os sintomas podem incluir febre, fadiga e náusea, mas muitas pessoas que desenvolvem a doença não percebem a tempo. Em 50% a 84% dos casos, o progresso da infecção da aguda para a crônica pode levar mais de 20 anos, de acordo com a equipe de Jaeckel.

Os pesquisadores deram injeções diárias de interferon em voluntários nas primeiras quatro semanas de terapia. Eles receberam a droga três vezes por semana no restante do programa.

Os médicos descobriram que, em média, a incidência do vírus caiu a níveis mínimos com cerca de três semanas de tratamento. Depois de dois anos, apenas um dos 44 pacientes ainda apresentava traços do vírus no sangue.

Em um grupo similar de 40 pacientes não tratados, a hepatite C crônica se desenvolveu em 28 deles.

"O tratamento utilizado hoje eliminou o vírus em apenas metade dos casos", explicam os pesquisadores, "então nós sugerimos que todos os pacientes com hepatite C aguda devam ser medicados" com interferon.

O interferon foi fornecido pela empresa Essex-Pharma de Munique, que patrocinou o estudo. Dois dos dez autores têm financiamentos da companhia.
 

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