Reuters
29/11/2001 - 12h09

Cauby Peixoto conta suas memórias em "Bastidores"

da Reuters, no Rio

Realidade e lenda se confundem para Cauby Peixoto, que lançou no Rio de Janeiro a biografia sobre os seus 50 anos de carreira.

Escrito pelo jornalista Rodrigo Faour, o livro "Bastidores" (Ed. Record) traz inúmeras histórias contadas por Cauby, considerado o "Frank Sinatra brasileiro" por parte da crítica. Histórias que ele muitas vezes reconta de formas diferentes, com detalhes a mais ou a menos, deixando um certo mistério entre fantasia e verdade.

Entre elas está o episódio em que Cauby Peixoto ensinou Marlene Dietrich a cantar "Luar do Sertão" em uma das visitas da atriz ao Rio de Janeiro.

Outros contos revelam o marketing que levou o cantor de "Conceição" ao estrelato. "Meu empresário, Di Veras, inventava que eu tinha várias namoradas, que eu era o recordista mundial de cartas, que minha voz estava no seguro e todas essas coisas", confessou Cauby durante o lançamento do livro, na terça-feira, em Copacabana.

"Foi ele quem mandou fazer um terno apenas alinhavado para que as fãs rasgassem", contou ele com seu estilo ambíguo, que lhe rendeu a fama de homossexual, assunto que evita comentar.

"Deve ser por causa dos trejeitos, porque sou um moço educado e aprendi boas maneiras", afirmou o cantor. Assim como não revela sua opção sexual, Cauby Peixoto também prefere esconder a idade.

Em "Bastidores", porém, Peixoto confessa ter feito várias plásticas - a primeira foi anos 1960, quando inventou que havia sofrido um acidente para evitar a desconfiança do público e da imprensa.

E se o astro tem vergonha da idade, não tem medo de revelar no livro uma coleção de perucas e smokings, a participação como toureiro em uma produção de Hollywood e as tentativas de estabelecer-se nos Estados Unidos sob o pseudônimo de Rom Coby.

Cauby, personagem da Época de Ouro do Rádio, passou a se sustentar na década de 1970 com apresentações em casas noturnas, após o declínio da era radiofônica.

"Aproveitei esse período para observar os que estavam surgindo, Maria Bethânia, Ney Matogrosso. Influenciado por eles, soltei meu lado teatral, que estava reprimido", contou o artista.

"No final da década, Elis Regina me chamou para gravar 'Bolero de Satã'. Foi quando os intelectuais me redescobriram."

Para ele, comemorar bodas de ouro na carreira significa manter uma relação com a música tão ou mais profunda quanto num casamento entre duas pessoas.

"Hoje, as vozes são descartáveis. Ninguém consegue enganar por muito tempo. Fui fracassado no amor, mas vitorioso na carreira, que vale mais do que todos os casos amorosos com homens, mulheres ou espíritos", disse Peixoto.

Assim, não lhe faltam planos futuros. Cauby Peixoto está à procura de uma gravadora para lançar mais um disco, no qual quer gravar músicas de Rita Lee, Adriana Calcanhotto, Renato Russo, Caetano Veloso, Chico Buarque e Djavan.

Falta, segundo ele, alguém que acredite no projeto. "Todo mundo está fazendo isso, mas quando a idéia é minha eles dizem que não é comercial. E esse é um disco que eu sei que iria vender muito."
 

FolhaShop

Digite produto
ou marca