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30/04/2003
Visão em foco
Dois modelos de lentes intra-oculares implantáveis que corrigem a visão de perto e longe estão em teste no Brasil, com resultados promissores; o terceiro entra em experimentos este ano
LUCRECIA ZAPPI
DA EQUIPE DE TRAINEES
A lente intra-ocular multifocal tem tudo para ser o objeto de desejo das pessoas que já ultrapassaram a barreira dos 40 anos e enfrentam os incômodos do eterno tira-põe óculos para perto e longe.
Implantada dentro do olho -como numa operação de catarata-, a chamada LIO tem duas versões no Brasil que permitem a visão para longe, meia-distância e perto, ambas de silicone.
O laboratório americano C&C Vision desenvolveu a lente Crystalens, chamada acomodativa, porque se movimenta levemente dentro do olho em busca do foco. Seu uso, porém, exige que o músculo ciliar, localizado atrás da íris, conserve sua capacidade potencial de acomodação.
O outro modelo, multifocal, a Array da AMO (American Medical Optics), usa alças mais rígidas para a fixação na bolsa do cristalino, mas tem dois problemas: o preço de uma única lente já implantada fica em torno de R$ 3.000 e a nitidez nem sempre é boa, o que faz com que alguns pacientes ainda precisem de óculos após a cirurgia.
Os dois modelos estão sendo implantados em caráter experimental pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Cerca de cem pacientes com catarata e hipermetropia ou miopia já foram operados -36 deles com a acomodativa.
À exceção de um caso, que se livrou da catarata, mas continuou com dois graus de miopia, todos os demais ficaram com a visão perfeita para longe e perto.
"Essa operação ainda não foi feita em pessoas sem catarata porque retirar o cristalino saudável porque pode provocar o descolamento da retina", explica o professor titular da Unifesp Rubens Belfort Junior, que antecipa: "No futuro, todo mundo acima de 40 anos vai poder se beneficiar".
Vista cansada
Outra novidade promissora é a lente acrílica de implante Acrysof Restor, da Alcon, prestes a ser liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária em caráter experimental. Sua tecnologia permite que as imagens para perto e longe sejam projetadas na retina ao mesmo tempo e melhor destacadas pelo cérebro, causando menos confusão que as outras lentes.
Na América Latina haverá dois centros de estudo: em Buenos Aires e na Unifesp, que deve começar a implantar a lente este ano. Se o índice de segurança for positivo, ela entra no mercado em 2004.
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