Folha Online 5 Sentidos
5 sentidos
30/04/2003

Mais tempo para sentir

Ser humano tem em média 25 anos de plenitude dos sentidos, mas bons hábitos ajudam a retardar a perda natural da eficiência sensitiva

FERNANDO SANTOMAURO E
MÁRVIO DOS ANJOS

DA EQUIPE DE TRAINEES

Prolongar o tempo de vida útil dos sentidos é um dos maiores desafios das áreas da medicina que se ocupam dos mecanismos de percepção. Mesmo livre de deficiências, uma pessoa tem, em média, apenas 25 anos de pleno aproveitamento do potencial sensitivo.

Isso ocorre porque o auge simultâneo dos cinco sentidos começa entre os 15 e os 18 anos, quando audição, olfato e paladar terminam seu desenvolvimento. Esse período dura até os 40, quando a visão começa a apresentar os primeiros sinais de degeneração.

Essa plenitude dos sentidos representa 36,3% (ou seja, menos da metade) dos 68,9 anos calculados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) como expectativa de vida de um brasileiro médio.

Ainda que apenas a visão esteja subdesenvolvida no momento do parto, por ser menos estimulada durante a vida intra-uterina, os cinco sentidos só atingem seu ponto máximo depois do desenvolvimento natural do sistema nervoso, da memória e do acúmulo de experiências sensoriais.

Bons hábitos ajudamm

Adiar a decadência sensitiva não é fácil. Segundo especialistas, a perda na resposta de muitos sentidos está diretamente relacionada a hábitos cultivados ao longo da vida.

Com o passar do tempo, o aumento do número de substâncias oxidantes acumuladas no organismo dificulta o perfeito funcionamento do corpo e se torna a maior causa de queda de eficiência dos sensores (orgãos que captam os sinais exteriores, como olhos e ouvidos), das vias de transmissão (os nervos que encaminham os estímulos até o cérebro) e do processamento dos sentidos.

Algumas substâncias são indicadas no combate a esse processo, como cápsulas de antioxidantes e alimentos ricos em vitamina E, como soja, tomate, azeite de oliva, gordura de peixes, castanhas, sementes e grãos.

Aos idosos, o neurologista Ademir Baptista Silva, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), recomenda exercícios mentais e intelectuais, tais como leituras e palavras cruzadas e, sobretudo, a fuga da rotina. A realização de atividades novas a cada dia proporciona o funcionamento regular de diferentes áreas do cérebro.

Hábitos como a prática de atividades físicas, alimentação equilibrada e hidratação constante do corpo e da pele também foram listados como fundamentais para evitar maiores perdas no uso dos sentidos.

Além disso, os médicos lembram a costumeira recomendação contra fumo, consumo de drogas e abuso de bebidas alcoólicas, que podem acelerar a degeneração da capacidade sensitiva.

No caso da audição, a queda gradual, chamada de presbiacusia, já é esperada por volta dos 60 anos, mas é possível prevenir maiores danos evitando a exposição excessiva a ruídos, segundo Eliane Schochat, vice-presidente da Academia Brasileira de Audiologia.

Na visão, ainda não é possível retardar a chegada de problemas como presbiopia e catarata, mas o uso de óculos com proteção ultravioleta diminui o risco da degeneração macular senil, tipo de cegueira irreversível que atinge de 6% a 10% da população de mais de 80 anos.

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