Folha Online 5 Sentidos
5 sentidos
30/04/2003

Faro eletrônico

Aparelho que já é usado na indústria está sendo testado no diagnóstico de doenças

CAIO MAIA
DA EQUIPE DE TRAINEES

Lalo de Almeida/ Folha Imagem
A química Olga D'lppolito, que há 17 anos testa tipos de fragrância em uma indústria de cosméticos
Será um telefone celular? Um radinho de pilha? Um bat-comunicador? Negativo. O aparelhinho ao lado é um nariz eletrônico, capaz de identificar odores através da captura de vapor.

As aplicações para esse tipo de equipamento são bastante amplas. Os ônibus espaciais da Nasa (agência espacial norte-americana), por exemplo, têm levado a bordo em suas últimas missões um "e-nose" -versão reduzida de "electronic nose" (nariz eletrônico)-, cuja função é monitorar permanentemente o ar da cápsula onde fica a tripulação.

A Osmetech, primeira empresa a fabricar esses narizes, em 1994, está atualmente testando a possibilidade de usar seu "e-nose" para diagnosticar, através do hálito, doenças como infecções urinárias e pneumonia. Hoje em dia, ele já é utilizado para detectar mofo em grãos e alterações de odor em cremes dentais.

A maior parte dos "e-noses" funciona por meio de sensores programados para reagir a determinados odores. Para isso, no entanto, precisam ser "treinados", ou seja, expostos ao cheiro que devem identificar. Além disso, têm capacidade de identificação restrita, limitada pela capacidade de seus sensores.

Embora possam ser mais acurados que os narizes canino e humano para os odores programados, levam desvantagem na quantidade. O nariz de um cachorro, por exemplo, tem mais de 100 mil células sensoriais que reagem aos diferentes odores presentes no ambiente. Ainda que o sensor do "e-nose" possa sentir mais de um cheiro, não há possibilidade, pelo menos a curto prazo, de que venha a alcançar essa margem.

Para os profissionais dessa área, pode até ser interessante contar com a ajuda de uma máquina, mas o nariz humano não poderá nunca ser substituído pelo eletrônico. "Por mais que se possa programar um nariz eletrônico para reconhecer alguns odores, tem coisas que dependem de um julgamento humano. Se um cheiro é ou não harmonioso, por exemplo", diz Olga D'Ippolito, 44, uma das responsáveis pelas fragrâncias da Avon.

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