Folha Online Aqui jaz São Paulo
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02/12/2003

"Elétricos" são as próximas vítimas

BRUNO GHETTI
LÍGIA DINIZ

da Equipe de Trainees

Depois de uma sobrevida de mais de 15 anos, os velhos "elétricos" de São Paulo estão sendo substituídos por ônibus híbridos, movidos por combustível e energia elétrica. O término dos subsídios federais aos transportes de tração elétrica, em 1987, foi o prenúncio da queda dos trólebus.

Na década de 70, com a crise do petróleo, a energia elétrica era considerada barata e, em 1978, o governo federal concedeu um desconto de 80% aos transportes que utilizavam esse tipo de tração.

Os primeiros trólebus foram importados em 1949, para auxiliar o serviço dos bondes. Dez anos mais tarde, seus cabos já faziam parte da paisagem paulistana e permitiam o transporte de 72 milhões de usuários --à época, um quarto dos passageiros de ônibus, em 181 km de ruas servidas.

Mesmo depois do fim dos subsídios, uma pesquisa do Instituto Gallup, em 1988, mostrava que 57% dos paulistanos preferiam os "elétricos" ao ônibus a diesel.

Os usuários se acostumaram ao rodar silencioso e de manobras contidas. E às descidas do cobrador para restabelecer o contato com os cabos --deficiência que o trânsito não suporta mais.

A privatização do setor elétrico, em 1997, fez os trólebus perderem mais força. "O preço da eletricidade não compensa, e a Eletropaulo não tem mais interesse", diz Waldemar Corrêa Stiel, especialista em transportes.

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