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Educação
24/06/2005

Associação muda perfil do ensino em Paraisópolis

FREDERICO KLING
Da equipe de trainees

Maíra Soares/Equipe de trainees
Alunos na escola infantil, que atende 620 crianças, da Associação Crescer Sempre
Alunos na escola infantil, que atende 620 crianças, da Associação Crescer Sempre
A Associação Crescer Sempre fica perto da fronteira de dois mundos. De um lado da avenida Giovanni Gronchi (zona sul de São Paulo), fica o luxuoso bairro do Morumbi. Do outro, Paraisópolis, a segunda maior favela da cidade, com 78 mil habitantes e 16 mil casas, a maioria de alvenaria. A sede da associação fica na favela, a um quarteirão da avenida.

A Crescer Sempre trabalha em diversas frentes: da manutenção do espaço físico ao auxílio no desenvolvimento pedagógico. É mantida pela seguradora Porto Seguro e abriga uma escola infantil para 620 alunos --há 2.000 crianças esperando por vagas-- e tem parceria com as três escolas estaduais da comunidade.

O Estado paga merenda, professores e parte da conservação das escolas. Ainda assim, Terezinha Paladino, diretora da Crescer Sempre, calcula que a associação gaste cerca de R$ 2 milhões por ano com as parcerias.

O presidente da União de Moradores e do Comércio de Paraisópolis, José Rolim, afirma que a Escola Estadual Maria Zilda Gambamatel, que atende alunos da quarta série até o terceiro ano do ensino médio, foi construída em 2001 após pressão da entidade. "Ela tinha até vazamento", diz Rolim sobre o fato de a escola apresentar problemas de acabamento quando foi entregue.

A falta de estrutura afastava os estudantes da aula e causava problemas. Segundo Cláudio Penissaro, coordenador pedagógico, antes "era um caos". Havia brigas constantes de alunos. "Teve um dia que parecia arena romana", conta Penissaro. A Crescer Sempre começou a parceria com essa escola em 2004. Janelas, portas e pisos foram trocados e as paredes, pintadas. Os estudantes voltaram para as salas. "Os alunos não gostavam da escola, mas agora gostam", constata Rolim.

Contraste

A Crescer Sempre trabalha com outras duas escolas em Paraisópolis: a Etelvina de Góis Marcuce, com alunos da quinta série até o terceiro ano do ensino médio, e a Homero dos Santos Fortes, que atende da primeira à terceira série do ensino fundamental.

A associação terceirizou funcionários para limpeza e financia a manutenção das instalações nas três escolas estaduais.

O contraste com a favela não é tão forte nas escolas Maria Zilda e Etelvina Marcuce, que ficam bem perto da avenida Giovanni Gronchi. Já a escola Homero dos Santos está no meio da favela e as paredes pintadas e a construção bem acabada destoam da rua estreita com casas de tijolos aparentes em que se localiza.

Além das três escolas estaduais, há outras três municipais em Paraisópolis. As seis escolas públicas estão desenvolvendo, junto com a Crescer Sempre, um projeto pedagógico unificado. O objetivo é acabar com distorções na qualidade do ensino na região.

"O trabalho da associação é muito importante", diz Rolim, cujos dois filhos estudaram na escola infantil da Crescer Sempre. Mas Paraisópolis está longe de ser um paraíso da educação. Segundo a associação de moradores, há cerca de 300 crianças fora da pré-escola, 300 sem ensino fundamental e 1.200 estudando fora da comunidade por falta de vagas.
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