24/06/2005
Trabalho com grêmio reduz vandalismo
FREDERICO KLING
Da equipe de trainees
Maíra Soares/Equipe de trainees |
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Alunos do turno da manhã da escola José Lins do Rego assistem ao debate entre as chapas que concorrem na eleição do grêmio |
O Instituto Sou da Paz desenvolve desde 2001, na Escola Estadual José Lins do Rego, no Jardim Ângela (zona sul de São Paulo), o Projeto Grêmio em Forma, que trabalha com apoio à formação e assessoria de grêmios.
O projeto surgiu de levantamento do Ministério da Justiça de 1999, segundo o qual os estudantes organizados têm maior possibilidade de buscar soluções pacíficas para conflitos.
"Os alunos perceberam que não é preciso vandalismo para solicitar algo concreto", diz a diretora da escola, Solange Rodrigues. Eles discutem desde problemas com professores até a realização de eventos, como festas. A diretora diz que o vandalismo diminuiu desde que o projeto começou.
O Sou da Paz trabalha em outras 23 escolas estaduais, nas zonas leste e sul de São Paulo, áreas com altos índices de violência.
Reivindicações
Rodrigues destaca que o projeto traz conteúdo para a entidade estudantil, que passa a discutir "questões mais sérias". "Essa coisa de democracia assusta muita gente", diz a diretora, que afirma estar preparada para as reivindicações dos alunos.
Os estudantes organizados participam de reuniões da diretoria de ensino da região e da Associação de Pais e Mestres. Em 2004, o grêmio da José Lins do Rego conseguiu, por meio de pressão sobre a direção, que a única quadra da escola fosse coberta. Também definiram música no recreio como prioridade e conseguiram uma mesa de som.
Arnaldo da Silva, presidente da Associação de Moradores do Jardim Ângela, diz que "a participação do colégio na comunidade é ótima". Há mutirões de pais para limpeza da Lins do Rego e a comunidade participa de eventos organizados pela escola.
No dia 15 de junho, houve debate para a eleição do grêmio. Temas como a estrutura da escola e a participação dos alunos na comunidade foram discutidos. Os estudantes reagiam com aplausos e vaias às falas dos debatedores. Os alunos ouvidos pela Folha enxergam no grêmio uma liderança, mas não deixam de fiscalizar sua gestão e questionar suas ações.