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Educação
24/06/2005

Melhorar a infra-estrutura e adequar os espaços escolares à aprendizagem

GABRIELA LONGMAN
Da equipe de trainees

Leonardo Wen/Equipe de trainees
Janela quebrada em refeitório de uma escola estadual de São Bernardo do Campo (SP)
Janela quebrada em refeitório de uma escola estadual de São Bernardo do Campo (SP)
Falta energia elétrica em 19% das escolas públicas brasi­leiras e uma em cada dez não tem sistema de esgoto.

Os dados são do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), re­ferem-se a 2003 e revelam mais um elemento comprometedor para os processos educacionais: a falta de infra-estrutura, equipa­mentos e material escolar.

Segundo o economista Gustavo Ioschpe, 28, a criação de condi­ções básicas relativas às instala­ções da escola --banheiro, luz,água encanada, carteiras-- repre­senta uma maneira eficaz de me­lhorar a qualidade da educação básica a curto prazo. "Trata-se de uma infra-estrutura física barata de consertar e que todas as pesquisas mostram gerar um impac­to muito forte", afirma Ioschpe.

A socióloga e pesquisadora da Unesco Miriam Abramovay, 57, relaciona a degradação física dos espaços com a manifestação da violência: "Não que um espaço feio aumente o nível de delin­qüência, mas aumenta o descuido e o sentimento de que o aluno não pertence à escola, o que pode, a longo prazo, levar a um processo de violência".

Ao tratar de demandas um pou­co mais sofisticadas, é notável que apenas 25% das escolas públicas possuam biblioteca e 11% aces­sem a internet. Nas instituições privadas, os números sobem para 70% e 50%, respectivamente.

O problema de superlotação nas salas de aula foi apontado pelo di­retor da Apeopesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Carlos Ra­miro de Castro, 56, como um dos fatores que mais interferem na qualidade do ensino. "Trabalha­mos com 40, 45 alunos por sala, quando o ideal seria trabalhar com até 25 alunos", conta Castro.

Arquitetura

"A escola pública não pode se conformar com uma situação de presídio, cheia de grades e pinta­da de cinza ratazana", afirma o ar­quiteto e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo daUSP Alexandre Delijaicov, 43."É preciso criar espaços que propiciem convivência, pois a escola é o primeiro contato da criança com o espaço público da cidade", diz.

Segundo Delijaicov, os espaços educacionais precisam ser "lúdi­cos" e podem envolver elementos pedagógicos: cores e formas geo­métricas. "A arquitetura precisa dialogar com a imaginação da criança", diz o arquiteto, que é funcionário da divisão de projetos do Departamento de Edificações e um dos responsáveis pelo plane­jamento dos Centros de Educação Unificados (CEUs).

Os 21 CEUs existentes em São Paulo foram implantados em 2003 pela ex-prefeita Marta Su­plicy e atendem hoje a 46.129 alu­nos. Embora considerados por al­guns especialistas como um mo­delo de infra-estrutura, geraram controvérsia devido aos custos de implementação: cada unidade custou R$13 milhões para ser construída e exige R$500 mil por mês para manutenção. "Ou você faz para todos ou não faz para ninguém. Você pode começar pe­queno, mas tem que ter no hori­zonte que aquilo possa se esten­der para a rede", afirma o ex-mi­nistro da Educação Paulo Renato Souza, 59, a respeito dos CEUs.

Para o arquiteto Delijaicov, po­rém, o projeto reúne aspectos educacionais, culturais e esporti­vos que compensam o investi­mento. "O CEU é muito mais do que uma escola, é uma rede de equipamentos urbanos", diz.

Ao mesmo tempo em que convive com o projeto ambicioso dos CEUs, a cidade de São Paulo man­tém ainda as precárias escolas de lata. Construídas entre 1999 e 2000 pela prefeitura de Celso Pit­ta, elas não foram substituídas nas gestões seguintes. Os alunos re­clamam das paredes enferruja­das, do alto nível de ruído e das variações de temperatura: as salas ficam geladas no inverno e insuportavelmente quentes no verão.
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