|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Moléstia rara "anestesia" menino
GIOVANA TIZIANI
JOÃO ALEXANDRE PESCHANSKI
DA EQUIPE DE TRAINEES
Deixar de sentir qualquer dor
pode parecer um sonho para
quem padece de sofrimentos crônicos, mas é, na verdade, uma
doença muito grave, conhecida
como analgesia congênita, e não
tem cura.
Segundo o médico psicoterapeuta João Augusto Figueiró, 50,
o único tratamento possível é o
monitoramento, para impedir
que os pacientes se machuquem
gravemente.
Como não sentem dor, os pacientes não conseguem reconhecer quando uma de suas ações é
perigosa e lhe oferece risco. Por isso, acabam por se automutilar.
É o caso de P. L., de dez meses.
Sua mãe, F. T., 27, conta que, aos
quatro meses, ele mordeu e arrancou um pedaço da língua e não
reagiu.
O médico consultado à época
não detectou a analgesia congênita e disse que morder a língua era
normal. Recomendou à mãe que
não se preocupasse e receitou
apenas uma pomada.
Aos oito meses, P. L. começou a
engatinhar com dificuldade e seu
braço inchou, sem que ele expressasse dor. Sua mãe o levou então a
outro hospital e, após 20 radiografias, ele precisou ser submetido a uma cirurgia. Os médicos
constataram que P. estava com
uma infecção generalizada no
braço esquerdo.
Só então, perceberam que ele
era indiferente à dor e diagnosticaram a doença.
Como é muito raro, pouco se sabe sobre esse distúrbio. A única
certeza é que ele está associado a
um gene específico do corpo.
Despesas
A mãe de P. L. afirma que foram
muitos os gastos com exames, alguns ao preço de R$ 500. "Precisei
até tirar minha filha do colégio
particular", relata. Ela está sem
trabalhar para cuidar do menino,
que precisa de atenção redobrada.
Sua maior preocupação são os
tombos do filho, comuns a crianças que estão começando a andar.
Segundo ela, P. L. percebeu que
não sente dor e não tem medo de
se jogar do berço.
Enquanto aguarda por avanços
no tratamento da doença, diz que
considera importante divulgá-la
para alertar as pessoas. "Pode haver mais gente com o problema e
que não procura ajuda."
Texto Anterior: EPIDEMIA: Dor é doença e pode matar Próximo Texto: SAIBA MAIS: Estímulos vão ao córtex Índice
|