São Paulo, sexta-feira, 22 de fevereiro de 2002
 

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REMÉDIO DA ALMA
Poeta não era fingidor

Flávio Florido/ Folha Imagem
Edgard Raffaelli Jr., 72, pioneiro do estudo da dor de cabeça no Brasil e fundador da Sociedade Brasileira de Cefaléia


PEDRO IVO DUBRA
DA EQUIPE DE TRAINEES

"Chega a fingir que é dor a dor que deveras sente." Pelo menos em relação a uma das dores que mais afligem o ser humano, o poeta e diplomata João Cabral de Melo Neto (1920-1999) contrariava a máxima de outro poeta, o português Fernando Pessoa (1888-1935).

Sua enxaqueca tornou-se famosa e serviu de pretexto para um poema (leia trecho no quadro acima).

Em "Num Monumento à Aspirina", de "A Educação Pela Pedra" (1967), João Cabral tece elogios ao medicamento, que consumiu por mais de 40 anos.

"Equipara-se aos melhores de um livro em que há o melhor do poeta", diz o crítico João Alexandre Barbosa, 64.

O médico especialista Abouch Krymchantowski afirmou ter conversado com o poeta pelo telefone. "Ele me disse: posso sair de casa sem coisa nenhuma, mas não saio sem aspirina".

Remédios à parte, Barbosa acredita que a obra do autor retrata uma dor mais ampla: a social. "João Cabral dizia que o Brasil dava dor de cabeça".






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