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Existe cura, diz médico que estudou a própria enxaqueca
BRUNO LIMA
DA EQUIPE DE TRAINEES
Embora não haja trabalhos
científicos que apresentem a cura
da enxaqueca, ela é possível, na
opinião de um dos principais especialistas no assunto no mundo,
o médico Edgard Raffaelli Jr., 72.
Pioneiro no estudo da dor de cabeça no Brasil, ele diz que a doença é apenas uma das disfunções
causadas por um distúrbio da região do cérebro denominada sistema límbico.
"O cérebro é o computador do
corpo. O sistema límbico é o computador do cérebro", explica. Esse
sistema coordena a liberação de
neurotransmissores (substâncias
responsáveis pelo funcionamento
harmônico do cérebro).
A conclusão de Raffaelli se baseia em 45 anos de observação de
pacientes com enxaqueca, inclusive ele mesmo. O médico declara
que hoje está curado.
Segundo ele, problemas como
depressão, bruxismo (ranger de
dentes durante o sono), torcicolos, insônia, manchas roxas sob a
pele, tensão pré-menstrual e asma
ou bronquite na infância estão ligados ao sistema límbico em pacientes com enxaqueca.
Para grande parte dos médicos,
a doença (que é herdada geneticamente) não poderia ser curada,
mas controlada. Raffaelli compara a doença ao câncer: se tratada a
tempo e adequadamente, pode
ter cura.
"A única pessoa neste país que
tem condições de dizer que enxaqueca tem cura é o Raffaelli", diz o
responsável pelo ambulatório de
cefaléia do Hospital das Clínicas
da USP, Getúlio Daré Rabello, 50.
O neurologista afirma, entretanto, que falta a Raffaelli provar suas
teorias, transformando os dados
de seus arquivos em estatísticas.
De acordo com um estudo analítico do médico Marcelo Bigal,
32, do New England Center of
Headache (centro de pesquisa localizado em Stamford, EUA), o
Brasil -segundo país com mais
membros na Sociedade Internacional de Cefaléia- gasta mais de
US$ 140 milhões por ano com
atendimento público de pacientes
com enxaqueca. Para diminuir
custos, ele propõe o uso oral da
dipirona (princípio da Novalgina) nas crises menos graves.
Tratamentos modernos usam
diariamente uma medicação preventiva (para atuar no distúrbio
cerebral), e combinam antiinflamatórios e remédios chamados
triptanos (para aliviar as crises).
Bigal diz que seu grupo pode estar descobrindo um novo tipo de
cefaléia, ligado ao hipotiroidismo.
A mesma pesquisa relaciona alergias, asma e consumo de álcool à
transformação da dor de cabeça
em crônica.
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