Adalberto Pereira dos Santos

11.abr.1905 - 2.abr.1984

 

Chefe do Estado-Maior do Exército


“Sentado.” Foi essa a resposta do general Adalberto Pereira dos Santos aos jornalistas que, em 1973, perguntavam como ele havia recebido a notícia de sua indicação para a Vice-Presidência do governo Geisel.


Em sua vida pública, o militar gaúcho não era homem de cerimônias. Seus auxiliares contavam que não dormiam papéis sobre a mesa do general, partidário das soluções prontas por não gostar de perder tempo.


Por não gostar, não o fez em 13 de dezembro de 1968, ao votar a favor do AI-5 na reunião do Conselho de Segurança Nacional. Ao contrário de seus pares, Adalberto não discursou. “Estou de acordo com o ato, senhor presidente”. Foi tudo o que disse, mal aproximando a boca do microfone - o pronunciamento do então chefe do Estado-Maior do Exército durou três segundos.


Uma possível explicação para seu pragmatismo foi apontada pelo próprio Adalberto, já longe dos corredores de Brasília: ele não gostava de política nem quando era obrigado a exercê-la. Considerava sua passagem pela Vice-Presidência, entre 1974 a 1979, apenas uma das missões que cumpriu em sua longa carreira militar.


O currículo de Adalberto acumula participações em vários marcos da história brasileira. Nascido em 11 de abril de 1905, em Taquara (RS), cursou o Colégio Militar de Porto Alegre na mesma turma de Castello Branco, Costa e Silva e Medici. Participou da Revolução de 1930 e foi enviado a São Paulo para combater a Revolução Constitucionalista de 1932. Também lutou na Itália durante a Segunda Guerra Mundial.


Após retornar, conspirou para a queda do Estado Novo, em 1945, e voltou a conspirar contra o governo em 1964. Sua participação no golpe militar foi ativa. Já durante o regime, foi transferido ao Rio, onde chegou a ser comandante do 1º Exército - seu último cargo antes da chefia do Estado-Maior do Exército, que ocupava na reunião do AI-5.


Após aquele dezembro de 1968, Adalberto Pereira dos Santos continuou sua trajetória ascendente, passando quatro anos como ministro do Superior Tribunal Militar. Chegou a ocupar a presidência do órgão, que deixou quando foi chamado para ser vice de Geisel.

 

Discrição

 

A imprensa de sua época classificava Adalberto como um vice “discreto” e um homem “cordial”. Quando foi anunciada sua indicação para a chapa de Geisel, o general recebeu os jornalistas de “portas abertas”, mas “boca fechada”. Era tido como figura acessória no governo marcado por um presidente autoritário.


Após a passagem por Brasília, o general deixou a vida pública. Viúvo e sem filhos, passou a dividir um apartamento no Rio de Janeiro com sua governanta. Acordava cedo, caminhava pelo Jardim Botânico. Nos jornais, buscava notícias sobre esportes. Suas paixões eram o Internacional e o Flamengo.


Adalberto Pereira do Santos faleceu de complicações cardíacas em 2 de abril de 1984, tendo sido enterrado com honras de chefe de Estado. Na última entrevista que concedeu, Adalberto falou sobre sua vida de aposentado, resumindo: “Não tenho nostalgia do poder”.

 

 

 

Ouça o áudio

 

 

Estou de acordo com o ato, senhor presidente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O voto de Adalberto Pereira dos Santos foi o mais rápido. Pelo sobe e desce do som na fita original, nota-se que ele mal aproximou a boca do microfone para falar. Em sua vida pública, o militar gaúcho era tido como um homem cordial, mas que não fazia cerimônias.