Augusto Hamann Rademaker Grünewald

11.mai.1905 - 13.set.1985

 

Ministro da Marinha


O almirante Augusto Rademaker era um dos maiores apoiadores do AI-5. O então ministro da Marinha defendia a primeira versão do ato escrita pelo ministro da Justiça, Gama e Silva, que determinava o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, pontos modificados na versão final do documento.

O descendente de alemães e dinamarqueses sempre esteve alinhado aos setores mais autoritários da ditadura militar. Participou ativamente do golpe de 1964, e com a deposição do presidente João Goulart assumiu o Ministério da Marinha. Na mesma época, integrou o autodenominado Comando Supremo da Revolução, ao lado do general Arthur da Costa e Silva, na época ministro da Guerra, e do brigadeiro Francisco de Assis Correia de Melo, ministro da Aeronáutica.

O comando foi o responsável por promulgar, em 9 de abril de 1964, o primeiro Ato Institucional outorgava ao presidente a competência para demitir funcionários civis e militares, cassar mandatos legislativos e suspender direitos políticos.

Desde então, Rademaker manteve suas pretensões políticas afinadas com as de Costa e Silva. Fez oposição ao presidente Castello Branco, por sua postura considerada flexível, e foi um dos entusiastas da candidatura de Costa e Silva à sucessão de Castello. No governo do seu predileto, voltou ao Ministério da Marinha.

 

Militar de carreira

 

Rademaker defendia energicamente as Forças Armadas. Em 65, ficou preso por cinco dias por sustentar a tese de que a criação do Ministério da Defesa serviria para enfraquecer as Forças Armadas. A ordem de prisão veio do então ministro da Marinha, Paulo Bosisio. O projeto do Ministério da Defesa não vingou. A pasta foi criada apenas em 1999.

Começou os estudos militares aos 18 anos, na Escola Naval do Rio de Janeiro, em 1923. Em 1930, como primeiro-tenente, foi enviado a Florianópolis para conter o movimento revolucionário que conduziu Getulio Vargas à Presidência. Em 1942, foi designado imediato de um dos navios da Marinha encarregados de realizar o patrulhamento do litoral brasileiro, em virtude de o Brasil ter declarado guerra aos países do Eixo (em fevereiro de 1942, submarinos alemães haviam torpedeado embarcações brasileiras).

 

Pós-68

 

Com o afastamento de Costa e Silva da presidência, por causa do agravamento de seu quadro de isquemia, Rademaker compôs a junta militar que presidiu interinamente o país de 31 de agosto a 30 de outubro de 1969. Lyra Tavares, ministro do Exército, e o brigadeiro Márcio de Souza e Mello, ministro da Aeronáutica, completavam a trinca.

A junta manteve o Congresso fechado e teve que lidar com o seqüestro do embaixador americano Charles Elbrick por militantes das organizações clandestinas Ação Libertadora Nacional (ALN) e Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), no Rio de Janeiro, em 4 de setembro de 1969. As condições impostas pelos seqüestradores foram aceitas pela junta, e 15 presos políticos foram libertados.

Em 22 de outubro de 1969, a junta reabriu o Congresso, que elegeu, em 25 de outubro, o presidente Garrastazú Medici. Rademaker exerceu a vice-presidência durante toda a gestão do general Medici.

Rademaker morreu no Rio de Janeiro, em 13 de setembro de 1985. Era casado com Rute Lair Rist Rademaker, com quem teve cinco filhos.

 

 

 

 

Ouça o áudio

 

 

Acabamos de ouvir a palavra abalizada do excelentíssimo senhor vice-presidente da República e a sua modéstia. Eu discordo absolutamente dela. Acho que estamos numa situação de fato. Nós não temos que debater juridicamente, legalmente ou constitucionalmente a questão. Porquanto, lá no Congresso, os atos que se passaram não foram apenas de palavras, foram de ofensas a uma instituição, e não a uma pessoa. A instituição da democracia, creio que não fica defendida assim, e os meios de repressão não têm defesa por esta Constituição.

Nós temos tentado, como foi iniciado pelo excelentíssimo senhor ministro da Guerra, o processo, e não há repressão. Não houve, pelo menos no papel, uma repressão. Eu julgo que por essa situação o que se tem que fazer é realmente uma repressão, acabar com estas situações que podem levar o país, não a uma crise, mas a um caos que não sairemos. É oportuno, portanto, fazer qualquer Ato Institucional como este, e o recesso a meu ver não requer estado de sítio por enquanto. O recesso é que vai dar valor, justamente, a esta repressão. Essa é a minha opinião.

 

 

 

 

 

 

 

Augusto Rademaker, ministro da Marinha, foi contrário à fala do vice-presidente Pedro Aleixo, que defendia o estado de sítio no lugar do AI-5. Classificou o discurso do deputado Márcio Moreira Alves como uma grave afronta à democracia. Portanto, para Rademaker, era necessário lançar mão de métodos mais eficientes de repressão, caso contrário o Brasil entraria em crise.