Carlos Furtado Simas

15.mai.1913 - 28.jun.1978

 

Ministro das Comunicações


Carlos Furtado Simas (1913-1978), nascido em Salvador, formado em engenharia civil e elétrica em 1935 pela Universidade da Bahia, foi nomeado o primeiro titular do Ministério das Comunicações em junho de 1967, pasta criada em fevereiro por Castello Branco (1964-1967), onde ficou por dois anos.

 

Sua gestão estabeleceu diretrizes para a política nacional de telecomunicações. Em 1969, à frente da Empresa Brasileira de Telecomunicações (Embratel), criada quatro anos antes, Simas inaugurou as estações de Itaboraí e Tanguá (RJ) para telecomunicações via satélite; e a Rede Básica de Microondas para integração nacional da telefonia, incluindo um sistema que ligava Brasília e Assunção, através de acordo firmado entre os presidentes Costa e Silva (1967-1969) e Alfredo Stroessner, do Paraguai.

 

Fora do governo, substituído no cargo por Higino Corsetti no governo Medici (1969-1974), retornou à presidência da Telefones da Bahia S.A. (Telebasa), que ocupara em 1962, e à coordenação da Escola Politécnica da Universidade da Bahia.

 

Em 1978, defendeu a necessidade do fim do regime de exceção para que surgisse “uma democracia sem adjetivos".

 

Ouça o áudio

 

 

Excelentíssimo senhor presidente, senhores conselheiros. Aqui estamos reunidos para uma decisão histórica, e fala para todos os conselheiros o menor de todos sentados a esta mesa, e com emoção. Quando vim participar deste governo, estava, como brasileiro, inteiramente dedicado a trabalhos da atividade privada. A esta altura, podemos dizer que o esforço que vimos empreendendo é auspicioso e que pode realmente trazer ao Brasil, no nosso setor, aquele desenvolvimento tão falado pelo ministro Hélio Beltrão.

 

Tenho notado, nesses quase dois anos de uma experiência que eu não tinha tido ainda, certos fenômenos, certos fatos que merecem, realmente, uma consideração para um brasileiro simples e honesto como todos nós. Portanto, ao considerar o documento que me foi hoje apresentado, em que pesem as razões de ordem jurídica que, como democrata que sou, poderiam naturalmente ser apostas ao documento, vejo, acima disto, depois de ouvir as palavras dos responsáveis pela Segurança Nacional, do ministro do Exército, achando necessário que rompamos, digamos assim, com certos preceitos que estão realmente dificultando o desenvolvimento brasileiro. Eu quero me solidarizar com Vossa Excelência, presidente Arthur da Costa e Silva, como o menor daqueles que nesta mesa se acham, para pôr o meu "de acordo pelo bem do Brasil" ao ato que me foi apresentado. Era o que tinha a dizer.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Carlos Simas pesa as palavras com sentenças entrecortadas e demoradas, bem-pronunciadas, num discurso com pouco conteúdo de dois minutos e meio que o emociona por considerar o momento “histórico”. Evidencia no início do discurso que não quer ser protagonista, ao se referir a si como o “menor” de todos os que se encontram na mesa, o que se antevê que acompanhará a tendência da maioria. Sua justificativa para apoiar o AI-5 é pouco clara - afirma que estão ocorrendo “fenômenos” e que é preciso romper com “preceitos” -, e acontece mais por solidariedade ao governo que integra e aos discursos dos ministros do Exército e da Segurança Nacional.