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RETRATO EM PRETO E BRANCO
Irmãs negras entram pela garagem
DA EQUIPE DE TRAINEES
Convidadas, em 1991, para um
almoço no apartamento da amiga Denise Oliva, as irmãs negras
Rutila Oliveira e Shirlei do Espírito Santo não puderam usar o elevador social. Na ocasião, o zelador Antônio Neves disse que as
irmãs deveriam entrar pelos fundos ou pela garagem do edifício,
localizado na região dos Jardins,
em São Paulo.
O zelador foi condenado, em
primeira instância, a um ano de
reclusão em regime aberto. Neves recorreu e foi absolvido pelo
Tribunal de Justiça de São Paulo.
"Esses casos infelizmente ocorrem sempre, mas, depois, por falta de testemunhas, acaba não
acontecendo nada", afirma Rutila, 29, uma das irmãs impedidas
de usar o elevador social.
Embora não tenha passado por
outra situação como essa, Rutila
considera esse tipo de discriminação muito frequente. O que
ocorre é que as vítimas preferem
não comunicar os casos à polícia.
A funcionária pública Denise
Oliva, 40, que naquela ocasião
oferecia o almoço, diz ter ficado
impressionada com a atitude do
zelador. Foi ela quem tomou a
decisão de chamar a polícia.
Algo que chamou a atenção de
Rutila Oliveira é que o zelador
Antônio Neves era de origem
nordestina e, por isso, provavelmente era tão discriminado em
São Paulo quanto os indivíduos
da raça negra.
Outro lado
O zelador Antônio Neves se negou a falar do caso. Para sua mulher Inajá, todo o processo foi
muito injusto e Neves -"pobre
zelador", segundo ela- foi um
bode expiatório na história.
"Denise não se dava bem com
ele e resolveu descontar naquele
dia", diz Inajá. Segundo ela, o elevador social estava quebrado e
por isso Neves impediu as irmãs
de subirem.
(FM)
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