São Paulo, sábado, 13 de outubro de 2001
 

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RETRATO EM PRETO E BRANCO

Irmãs negras entram pela garagem

DA EQUIPE DE TRAINEES

Convidadas, em 1991, para um almoço no apartamento da amiga Denise Oliva, as irmãs negras Rutila Oliveira e Shirlei do Espírito Santo não puderam usar o elevador social. Na ocasião, o zelador Antônio Neves disse que as irmãs deveriam entrar pelos fundos ou pela garagem do edifício, localizado na região dos Jardins, em São Paulo.
O zelador foi condenado, em primeira instância, a um ano de reclusão em regime aberto. Neves recorreu e foi absolvido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.
"Esses casos infelizmente ocorrem sempre, mas, depois, por falta de testemunhas, acaba não acontecendo nada", afirma Rutila, 29, uma das irmãs impedidas de usar o elevador social.
Embora não tenha passado por outra situação como essa, Rutila considera esse tipo de discriminação muito frequente. O que ocorre é que as vítimas preferem não comunicar os casos à polícia.
A funcionária pública Denise Oliva, 40, que naquela ocasião oferecia o almoço, diz ter ficado impressionada com a atitude do zelador. Foi ela quem tomou a decisão de chamar a polícia.
Algo que chamou a atenção de Rutila Oliveira é que o zelador Antônio Neves era de origem nordestina e, por isso, provavelmente era tão discriminado em São Paulo quanto os indivíduos da raça negra.

Outro lado
O zelador Antônio Neves se negou a falar do caso. Para sua mulher Inajá, todo o processo foi muito injusto e Neves -"pobre zelador", segundo ela- foi um bode expiatório na história.
"Denise não se dava bem com ele e resolveu descontar naquele dia", diz Inajá. Segundo ela, o elevador social estava quebrado e por isso Neves impediu as irmãs de subirem. (FM)


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