São Paulo, sábado, 13 de outubro de 2001
 

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Pré-vestibular prioriza aula de cidadania

DA EQUIPE DE TRAINEES

O curso pré-vestibular Educafro, criado há 12 anos, tem como objetivo não só preparar negros e pobres para a conquista de vagas na universidade, como estimular o senso crítico dos alunos com relação a sua realidade social.
A disciplina cidadania -obrigatória e com mesma carga horária de física ou química- propõe debate sobre temas como "ideologia do embranquecimento" e ações afirmativas. "O aluno deve se comprometer a lutar pelos seus direitos e a dar continuidade ao projeto", diz frei David Raimundo Santos, 49, franciscano, fundador e diretor do curso.
O curso tem mais de 80 núcleos em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Paraná, e orienta mais de 700 projetos semelhantes em todo o país. Só em São Paulo, há cerca de 4.500 alunos. "Estamos anos-luz à frente do governo", diz frei David.
O Educafro funciona unicamente por meio de doações e acordos com editoras, que fornecem material didático pelo preço de custo -único valor cobrado do aluno. Todos os professores são voluntários, e os núcleos ocupam espaços cedidos.
Segundo o diretor, 30% dos alunos do Rio de Janeiro e 18% dos de São Paulo conseguem passar para universidades públicas ou para particulares com bolsas de estudos integrais, taxa de sucesso duas vezes maior que a dos negros em geral na Fuvest.
Frei David acredita que a só capacitação não é o suficiente para diminuir a desigualdade. "O governo precisa ser mais corajoso."
Para o estudante Cléber Firmino, 20, que pretende cursar medicina na USP, os negros deveriam ter cotas. "O ideal seria uma reforma educacional, mas não podemos mais esperar por justiça."


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