São Paulo, sábado, 13 de outubro de 2001
 

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HISTÓRIA

Visconde negava sua negritude

DA EQUIPE DE TRAINEES

Francisco Sales Torres Homem, visconde de Inhomirim, único negro a comandar a economia do país em toda a história, nasceu em 29 de janeiro de 1812, no Rio de Janeiro, filho de um padre negocista e briguento e da mulata forra Maria Patrícia, quitandeira no largo do Rosário, alcunhada "Você me mata".
Condenava a escravidão como sistema desumano, não jurídico e anticristão. Durante a discussão da Lei do Ventre Livre, demoliu a argumentação dos escravagistas sobre a propriedade dos africanos na condição de bens semoventes, considerando-a uma "doutrina absurda e execrável".
Embora fosse abolicionista, o visconde não assumia sua condição de negro, usando perucas e pó-de-arroz, sendo caricaturado como um macaco por charges da época.
Ocupou posições de destaque, como a presidência do Banco do Brasil, a Secretaria de Estado dos Negócios da Fazenda de 12 de dezembro de 1858 a 10 de agosto de 1859 e foi senador por seis anos (1870-1876).
Sempre encontrou oposição por parte de monarquistas, por conta do "Libelo do Povo" que escreveu em 1848, sendo por eles atacado cada vez que galgava um novo posto, como quando recebeu o título de visconde em 1871, por sua atuação no Senado em defesa da liberdade dos filhos das escravas.
Nesta ocasião, "A Reforma" publicou anonimamente os seguintes versos: "Vós, gramáticos defuntos, / Não vistes o que hoje vi! / Dois diminutivos juntos, / Um português e um tupi! // Inho, até aqui desinência, / Já se antepõe a mirim / Simbolizando a eminência / Do senhor Inho ... mirim!".
Morreu quando procurava se tratar da asma, em Paris, em 3 de junho de 1876.


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